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O singular Albert Schweitzer, NOBEL da Paz de 1952

Desde 1901, muitas personalidades e trabalhos institucionais têm sido contemplados com o anual PRÊMIO NOBEL DA PAZ...

Vânia Maria Resende
Publicado em 02/07/2018 às 08:07Atualizado em 17/12/2022 às 11:09
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Desde 1901, muitas personalidades e trabalhos institucionais têm sido contemplados com o anual PRÊMIO NOBEL DA PAZ, pela repercussão universal do significado da missão humanitária e de luta por direitos humanos que assumem. Entre eles, estão nomes com Jane Addams, presidente da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade, (1931); Martin Luther King Jr. (1964); Madre Teresa de Calcutá (1979); Adolf Pérez Esquivel, argentino (1980); Dalai Lama, o 14º (1989); Nelson Mandela (1993); a organização Médicos Sem Fronteiras (1999); Malala, a adolescente do Paquistão (2014); Juan Manuel Santos, colombiano (2016). Alfred Nobel instituiu o prêmio para ser dado a quem "tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz." (https://pt.wikipedia.org).

Albert Schweitzer, NOBEL de 1952, nasceu em 14/1/1875, na Alsácia, quando era parte do Império Alemão; hoje, é região administrativa francesa. Faleceu em 4/9/1965, em Lambaréné, no Gabão. A determinação do ideal de defesa da vida o levou a abdicar do sucesso pessoal dentro da cultura europeia. Estudou Medicina aos 30 anos para se preparar para a causa a que se dedicou na África ao longo da vida. Ali ele fundou e administrou um hospital, salvou muitas vidas e amenizou a dor da população carente; buscou subsídio na Odontologia, para ampliar o atendimento de necessidades locais. De perfil singular e plural (teólogo, pregador, organista, especialista em Bach, filósofo, médico, escritor, professor, pesquisador, administrador), realizou experiência complexa. Seu pensamento atual e sua luta são reverenciados até hoje.

Aliou produção intelectual e humanitarismo de ação intensa, que lhe custou vencer obstáculos diversos, inclusive financeiros. Recebeu justo reconhecimento com prêmios como o NOBEL; Prêmio da Paz do Comércio do Livro Alemão; Goethe. Através dos anos, têm sido mantidos, de maneira notável, o respeito e a admiração por ele. A filosofia da reverência à vida, que ele desenvolveu em ideias e na prática, antecipa a consciência contemporânea dos direitos da natureza e da proteção ambiental, planetária. Schweitzer a define afinada a profundo sentido espiritual e de amor universal. “A concepção do mundo da reverência pela vida é mística ética. [...] Quando a nossa vontade de viver se torna consciente de si e do mundo, chegamos a viver dentro de nós a vida do mundo, tanto quanto esta fica ao nosso alcance, e a entregar a nossa vontade de viver, mediante os atos, à vontade infinita de viver.” (obra autobiográfica de 1931, Minha vida e minhas ideias, p. 242).

Demonstrou tanto sensibilidade singular como visão maior do que a do seu tempo, como se vê: “Enquanto a moderna e confusa afirmação do mundo e da vida cambaleia em torno de ideais do saber e do poder, a afirmação pensante do mundo e da vida estabelece o aperfeiçoamento espiritual e ético do homem como ideal supremo, do qual todos os restantes ideais de progresso vêm a receber seu verdadeiro valor.” (obra citada, p. 166-7). Schweitzer, que seguiu um projeto de vida em função da dignidade humana e social, é – ele próprio – um destes seres que considerou dotados de condição especial para mudar o rumo da realidade. “Se houver homens que se revoltam contra o espírito da irresponsabilidade; se houver personalidades bastante puras e profundas para que possam irradiar os ideais do progresso ético, então, iniciar-se-á uma atuação do espírito capaz de produzir uma nova maneira de pensar na humanidade. Uma vez que confio na força da verdade e do espírito, creio no futuro da humanidade.” (obra citada, p. 249).

Vânia Maria Resende é educadora, doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa

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