Futebol é mesmo o esporte nacional. Mais que esporte, é a cachaça, que é tomada antes, durante e depois dos jogos, e até entre os dias dos jogos – pra manter a pressão, como me diz o Aramisio, aquele que contei ter laçado uma motocicleta impertinente “pelos chifres”. Aponto uma curiosidade dos tempos atuais: mulheres também participam do nosso entusiasmo.
Descoberta maior, participam e xingam nomes. Descoberta menor, que devemos sanar: só conhecem o Brasil de cor amarela. De outra cor xingam e torcem contra, até algum garoto explicar o engano. Aliás, falo e escrevo por ser este um tempo de glória nacional, coisa maior e mais importante que Lula, Dilma, Serra, pré-sal e as lotecas semanais. Durante a copa vamos sofrer na alma, o risco de alguma surpresa e humilhação. Discretamente penso no pós-copa: ganhando (Deus ajude!) ou perdendo (sai capeta!) estaremos na sub-copa nacional, que é a minha escalação para a luta eleitoral.
Mal comparando, a copa mundial do futebol é coisa gloriosa, que triste ou alegre reúne e abraça todos os povos. A luta eleitoral, esta é fenômeno nacional, onde desde já vamos assistindo traições e safadezas inter-partidárias. Ninguém pode garantir quem está com quem, uma aliança de casamento político não resiste ao tempo nem à geografia. Minha convicção e conhecimento psicológico já me garantiram dois engradados de cerveja lá no tênis do Uirapuru. Elementar, como Sherlock Holmes: conforme a semana aposto num lado ou no outro, de forma que sempre ganharei na lambuja ou na sobra. Aliás, devo confessar que esta é a única coisa que ganho na política.
Façam como eu, jovens: não acreditem nas figuras e no futebol da política. Todos trocam de camisa, de programas e comportamentos. Apenas outro país latino definiu numa frase o acontecimento básic a Itália, que diz “La nave va”. Ou seja, em tradução brasiliense: por maiores que sejam nossas decepções e safadezas, o Brasil caminha e vai. É uma conclusão sábia, que escutei ainda jovem lá no bar da Viúva: o Brasil é maior que a crise. Alegria portanto, meus bons leitores. Liguem suas TVs na copa do mundo, que de qualquer forma nos emociona e alegra. Depois, liguem nos programas eleitorais e seus jogadores. Pra quem tem senso de humor, uma nova diversão. Para os outros, um consol televisão tem botão para desligar.
(*) médico e pecuarista