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As copas e os velhos

Devo ser um dos raros uberabenses que se lembram

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 28/05/2014 às 19:42Atualizado em 19/12/2022 às 07:34
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Devo ser um dos raros uberabenses que se lembram – e menos ainda dos que assistiram pessoalmente a Copa do Mundo de 1950. Eu estava no Rio, estudando medicina, daí a grande aventura de assisti-la pessoalmente – e a desventura de ver o Maracanã ainda mal-acabado ser a sede de perder a grande final para o Uruguai – mas aguentando 200.000 assistentes do desastre. Agora, já no meu próprio final, vamos viver a copa dos próximos dias. Penso, à moda do meu Brasil, que Deus não vai me decepcionar. E, 1950 Ele estava muito ocupado, ainda curando os feridos mundiais da Grande Guerra – e quem sabe terá olhos para os próximos dias. Fico meio complicado, porque os olhos do Divino vão ver no Brasil muita coisa a que atendeu em 1950. Violência, mortes, desonestidades de toda espécie, incapacidades dos nossos governantes e as drogas fatais incontroladas. Penso, como muitos dos meus amigos, que o mundo melhorou muito na condição física das vidas. Em 1950 pessoas com oitenta anos eram poucas – a velhice fatal chegava ali pelos sessenta. Hoje a humanidade vai bem mais adiante, mas paga imposto. Os velhos incomodam, ocupam lugares demais na sociedade física e intelectual. Há pouco tempo tive esta imagem – ao tomar um lugar no ônibus porque meu carro tinha enguiçado. Entrei, paguei a passagem que não precisaria, logo me deram um assento. O ônibus enche, um garotão cabelo cortado a la galo de briga entra, fica de pé, e geme: para que tanta vaga e assento pra gente velha?... Bem, atrás deste gemido e protesto senti muita coisa: o velho incomoda... e tem velho demais hoje em dia. Bem e simples, aconselho os velhos colegas a não irem aos campos ver a copa, a televisão caseira é melhor, mais simples e barata. Imaginem uma briga e aquela correria na arquibancada, polícia baixando o cacete pra todo lado... buscando a paz!... meu caro odiado, algum sabido vai gritar: pra que este Alzheimer veio aqui? Bem, esta denominação do idoso é geral, e em tudo da vida atual. Viver muito já é comum. Viver bem e ser amado... aí já é outra história. Eu mesmo poderia contar casos dos ônibus ou dos campos de futebol, mas não vale a pena. De verdade e possível valor, penso que a educação do jovem pode – ou poderá melhorar a nossa vida. Pelo menos, na primeira aula podemos dizer e projetar na tela: cuidado, meus amigos... o seu dia chegará!

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