Assisti na última semana ao filme “As Mães de Chico Xavier” e identifiquei-me com seu enredo por tratar, pelos caminhos da Arte, o que tratei pelos caminhos da Ciência. Buscamos nós descobrir qual o papel das mensagens psicografadas na elaboração de um luto. Ambos nos acercamos desse fenômeno com um misto de curiosidade, respeito, cuidado e medo por estarmos pisando em terreno que não era nosso.
Assim como o jornalista do filme, emocionei-me com a emoção dos que receberam mensagens contendo notícias de familiares falecidos.
Os resultados a que cheguei com minha pesquisa de Mestrado caberiam perfeitamente como inspiração para o diretor no que inseriu no enredo uma frase onde Chico diz que “a saudade é dor que fere nos dois mundos”.
Tal afirmativa me fez recordar da pesquisa do italiano Ernesto Bozzano que comparou duzentas mensagens extraindo delas os princípios que se repetiram e que se encontram descritos tanto em seu livro “A Crise da Morte”, como no que lançaremos brevemente com o nome “Quando a Morte nos Visita – Uma leitura psicológica dos processos de luto e da busca por mensagens psicografadas”.
Segundo ele, os espíritos comunicantes contaram nas mensagens enviadas que relembraram acontecimentos da vida pouco antes de morrer; que viram seus corpos no leito de morte; foram acolhidos por familiares ou amigos já falecidos; ignoraram durante algum tempo que estavam mortos; viveram período de sono reparador; tiveram sua visão ampliada e passaram se comunicar via pensamento. Revelaram que as preces são benéficas enquanto os sentimentos exagerados de pesar os retêm na esfera terrena.
Concluí com esse estudo que a impressão de haver repetição nas mensagens estava explicada por descreverem uma mesma realidade. Duas perguntas são feitas com frequência. Se sou praticante do espiritismo e se acredito na veracidade das mensagens.
As respostas são sempre as mesmas: Não sou espírita. Sou espiritualista por acreditar que a vida não se resume apenas ao aspecto físico e material e, se as mensagens são verdadeiras ou não, este não foi meu objeto de pesquisa. Investiguei, à luz da Psicologia, porque alguns seres necessitam desse recurso para suportarem um luto e quais os resultados dessa experiência.
De duas coisas eu tenho certeza. A primeira é a que por não ser espírita tive a isenção necessária para analisar o fenômeno em questão. A segunda, é que o fato de não sê-lo, não me dá o direito de criticar ou duvidar daqueles que, sendo espíritas ou não, encontraram conforto, alívio e consolo em seu objetivo de obter notícias de pessoas queridas falecidas, conforme nos mostra o filme “As Mães de Chico Xavier”.