A atenção voluntária é acompanhada de ondas cerebrais especialmente velozes
A atenção voluntária é acompanhada de ondas cerebrais especialmente velozes, visíveis num EEG.
Quando os voluntários de um experimento são solicitados a desempenhar duas tarefas que se sucedem rapidamente, sua atenção é posta a uma dura prova. Se o segundo estímulo-alvo se segue ao primeiro após um intervalo entre 200 a 300 milissegundos, o desempenho da percepção decai drasticamente. A percepção de ambos os estímulos só se torna mais frequente a intervalos de tempos maiores.
No nosso cotidiano, pode-se concluir, por exemplo, que placas de trânsito posicionadas uma atrás da outra, apresentam, supostamente, maior risco de não serem vistas. Afinal, uma segunda placa, posicionada dez metros adiante de outro importante sinal de trânsito, seria ignorada por uma motorista trafegando a 100Km/h, porque estaria dentro do intervalo daquele “piscar de olhos” da atenção. Mais sensato seria, portanto, posicionar as duas placas uma ao lado da outra.
Embora a consciência demande o trabalho conjunto de muitas regiões cerebrais, o provável é que sejam poucas aquelas que cuidam do que a mente pode “ver”.
Sabe-se que muitas vítimas de derrame em determinadas regiões do lobo parietal já não podem atentar para porções do seu campo visual, razão pela qual deixam de percebê-las de forma consciente.
Ao que tudo indica, o balizamento da atenção e a escolha dos sinais que alcançam a consciência, dependem também do nosso sistema emocional.
O processo da percepção não é determinado apenas por estímulos externos, mas também pela dinâmica interna, flexível, do cérebro.
Todos os estímulos recebidos, por sua vez, põem em marcha certos padrões temporais de acoplamento neural.
O cérebro saudável não é um receptor passivo das informações do mundo ao redor: ele é antes, um sistema ativo, que baliza a si próprio pela via de sua complexa dinâmica interna.
Nossas experiências, intenções, expectativas, necessidades, modificando essa dinâmica, determinam o modo como percebemos e vivenciamos o nosso entorno. E uma de suas estratégias mais importantes se traduz em selecionar muito bem aquilo que terá acesso à consciência.
A atenção não pode ser distribuída em duas localizações espacialmente distintas, e estímulos emocionais apresentados a um hemisfério afetam o juízo do outro. O hemisfério esquerdo é especializado na linguagem, no comportamento inteligente e na fala, ao passo que o direito reconhece faces, faz distinções perceptivas e foca a atenção.
(*) Psicóloga clínica