A questão do atendimento médico é assunto melindroso, de importância inadiável, sensível, relevante. É de interesse de todos. As áreas farmacológica, humanitária, científica, filosófica, clínica são partes importantes na formação de um médico. A ideia mercantilista, aliada ao bom atendimento, se esgota em si por não promover o bem-estar coletivo a partir do salvamento individual. Ao lado dessa formação há uma corrida tecnológica que invade as clínicas médicas, aferindo com precisão os males orgânicos. É uma revolução na precisão do diagnóstico. Poderá um dia que o próprio aparelho diagnosticará e receitará, quiçá operar o paciente submetido ao exame. A tecnologia adentra todos os espaços sem pudor. Todos os setores de prestação de serviços são clientes contumazes dos impactos tecnológicos em prol de uma melhor prestação de serviço. É incerceável essa evolução e esqueça, porque não vai parar. É a volta do iluminismo do bem-estar irreal. E os profissionais que vivem pressionados pela tecnologia? Uma coisa é quem pensa a tecnologia, outra é quem a usa ou precisa dela. Quem vive no ambiente tecnológico não pode parar no tempo, está sempre aprimorando os seus conhecimentos, aprofundando as análises e interligando saberes em prol de um diagnóstico próximo ao real, que leve o paciente à cura ou pelo menos o amenizar do sofrimento. Quem busca um médico é porque há algum tipo de sofrimento, físico ou mental. A função médica é a cura, o bom atendimento com fins humanitários. Corredores com macas, mulheres parindo em banheiros de ambulatórios, gazes esquecidas em intestinos devem ser exceções, e não regra médica. O sofrimento do profissional se iguala ao do paciente quando ele não tem o amparo material e humano necessários para um eficaz atendimento; que devolva ao sofredor o bom humor da plena saúde. A cada minuto, uma sequência de segundos mal definidos compromete a vida de centena de pessoas que esperam em fila de atendimento o aninhamento médico. Tanto o setor público quanto o privado, seja por convênio ou atendimento privado, ouvimos os equívocos médicos na hora dos diagnósticos, embora os aparelhos de exames sejam complexos e sofisticados. Quando minha mãe sofreu no hospital e foi a óbito por equívoco médico, os aparelhos estavam desligados e, mesmo que estivessem ligados, em nada eles poderiam ajudar quando o médico é relapso ao receitar ou se equivoca no procedimento. É o mesmo que dar alta ao paciente sem que ele possa sair, quando não está pronto para ir para casa, mas o sistema precisa daquele leito para um novo freguês que chegará em minutos. Bons e maus profissionais são encontrados em todos os setores, isso é regra. No entanto, às vezes, o mau profissional acaba sobressaindo sobre a bondade, porque quando se erra, mata-se, e o acerto é obrigação de quem optou em salvar vidas.
(*) Professor