Estive um longo tempo ausente deste jornal, de meus leitores. Vários deles têm me procurado pelas razões. Eles, por uma razão ou outra, criam laços com o escritor e um sente a ausência do outro. Por que me afastei? Fui surpreendido por uma infecção que me levou ao hospital por quase um mês. Vinte dias sem ter a mínima noção do que se passava. Creio que as orações de meus amigos e a competência dos médicos me livraram do pior. “Amicus certus in re incerta cernitur”, diziam os latinos (O verdadeiro amigo se conhece nas horas difíceis). Deus lhes recompense pelas visitas, pelas orações, pelos cuidados. Enfim, voltei. Para minha volta contribuiu muito um convite delicado da Diretora do Jornal da Manhã (Lídia Prata), a quem batizei, casei, batizei as duas filhas e casei uma delas. Lembro-me de uma de suas sugestões: “Se for possível, pelo menos duas vezes por mês”. Ainda foi mais além: “Se não tiver assunto, reescreva uma das mais antigas”. Com tantas facilidades, estou aqui novamente. Criar novos textos aos 93 anos não é nada fácil. Que os leitores me perdoem.
Leio numa revista: “Senhor, vem substituir em mim tudo o que está me faltando à medida que envelheço. Minhas forças, substitui por mais amor. Minha ansiedade, substitui por mais certeza, Tu que és tão bom. Quanto à minha memória, faze que ela me permita lembrar apenas do que é melhor”.