Um dos mistérios mais evidentes na mente humana é como as pessoas se enxergam.
É possível definir se a imagem corporal que elas formam corresponde à realidade ou é fruto de fatores e experiências pessoais, além de pressões culturais?
Quem pensa que essas dúvidas são questões somente das modelos profissionais e de equipes que lidam com a beleza em suas atividades está equivocado. Todas as pessoas estão sujeitas a questionamentos dessa natureza.
A procura da beleza deveria estar nas diferenças, e não nas semelhanças. É preciso desenvolver uma identidade estética, sem se preocupar em seguir regras. Beleza é muito mais do que medida de quadril, cintura e cor dos olhos.
Torna-se necessário trabalhar o resgate da autoestima para se conseguir um conceito sobre si mesmo. A mente das pessoas passa por uma série de alterações quando ocorrem transtornos ligados à autoimagem. É fundamental fortalecer a autoestima para tudo na vida, para negociar um pagamento, para iniciar um trabalho, para namorar... As pessoas precisam confiar nelas próprias.
A fobia social, por exemplo, um dos grande problemas do mundo moderno, pode ser explicada como sendo a falta de confiança que a pessoa tem em si. Pode provocar ansiedade e depois depressão. A pessoa fica com uma visão distorcida de tudo e acaba se achando inferior em relação aos demais.
E a timidez? Esta tem grande relação com a autoestima. A timidez patológica, chamada fobia social, tem como característica o modo antecipado de rejeição, em que a pessoa sente medo de tudo, não há confiança em si e, tampouco, autoestima.
As modelos lindas, no entanto, sofreram na mocidade, por ser mais altas e magras do que o padrão. Recebiam apelidos embaraçosos, sofriam bullying, que é uma palavra nova para uma situação antiga. E estas modelos, quando chegam à fase adulta, por se adequarem ao perfil exigido, passam por uma transformação quando as agências as contratam. Mudam o cabelo, as roupas e a maquiagem. Entretanto, a autoimagem não muda, o sentimento de inferioridade continua. Elas sofrem por aspectos que ocorreram antes de se tornarem modelos. Urge aqui um trabalho intenso de prevenção à anorexia e à bulimia. O padrão de beleza imposto deixa a pessoa sem autoimagem definida, ou seja, com a autoimagem real prejudicada.
(*) Psicóloga clínica