Por que, para sabermos de um fato ocorrido com alguém do nosso círculo de parentes ou amigos, muitas vezes não precisamos da comunicação usual propriamente dita?
Precisamos, sim, de estarmos conectados pelas vias metafísicas e sensíveis para que nossas faculdades e órbitas mentais, uma vez sincronizadas, permitam a comunicação. No dia do falecimento de minha saudosa mãe, sem perceber, fui avisado sobre o infausto acontecimento. O fato ocorreu em torno das 7h do dia 08/04/1980. O que descrevo aqui comprova a comunicação recebida: despertei-me bem cedo e logo senti vontade imensa de falar com mamãe. Não o fiz por achar que ela não estava acordada. Realmente não estava...
Fui cedo ao trabalho e passei pela rua onde minha mãe morava, embora não tivesse o costume matutino; quase entrei no seu apartamento. Parei, mirei a janela do quarto onde dormi quando era solteiro e depois segui. Fui ao escritório e aguardei um colega para fazermos um trabalho, circulando pela cidade.
Ao passar diante do Campus I da Universidade de Uberaba, senti vontade de falar com a Sra. Cecília Palmério. Dada à sua ausência, deixei-lhe um abraço de filho. O portador foi o seu motorista particular e meu amigo Sr. Alaor Bernardes Ferreira. Até hoje penso que aquela minha iniciativa teve tudo a ver com a vontade imensa de falar com minha mãe em vida.
Novamente com meu colega prossegui conversando e percorrendo a cidade. Agora sim que o assunto “Mãe” se estendeu por todo o nosso percurso. Ao fecharmos a nossa andança profissional, já nos despedindo, lembro-me que eu disse àquele amig – Quando minha mãe morrer, não direi que não a tenho mais. Direi que ela não está mais comigo, mas a terei viva dentro de mim. Naquele instante, não sei por que me abateu inexplicável tristeza...
Cheguei em casa à hora do almoço e soube do passamento de minha querida mãe. Vi o mundo desabar... Juntando os fatos ora descritos com outros acessórios que não descrevi aqui, me pergunt por que aquela sucessão de fatos, se noutros tempos nunca me ocorreu?
Todos nós recebemos avisos metafísicos das mais variadas maneiras. Todavia, temos o vício inveterado de ignorar esses avisos e passá-los ao segundo ou terceiro planos. Nossa sensibilidade nunca falha...