Tenho sempre um carinho especial por meu último artigo de cada ano
Tenho sempre um carinho especial por meu último artigo de cada ano, pois mesmo sabendo que o que muda é apenas o calendário, esse é um período em que somos tentados a avaliar o que passou e a planejar o futuro.
Nesse final de 2011 em especial, meu convite é para um balanço do quanto temos sido felizes.
Posso observar que as pessoas costumam dividir-se em duas atitudes básicas em relação à felicidade: Um grupo que a coloca numa estação de chegada e outro grupo que a situa no caminho entre a partida e a chegada.
Os primeiros elegem o casamento, a separação, a maioridade e a formatura como estações de felicidade. Se tais fatos não acontecem no tempo esperado, adotam a condição de infelizes que invejam a felicidade alheia.
Os segundos descobriram que a felicidade está nas pequenas coisas vividas e quem assim vive, somando e recordando todos os momentos felizes, descobre uma felicidade que chega a ser permanente.
Os que não acreditam em tal condição, questionam se as perdas, as dores, as doenças e demais condições difíceis não têm o poder de nos infelicitar e eu rebato perguntand onde está escrita a promessa de que a nossa vida será sempre um mar de rosas?
Viver é percorrer uma estrada ora reta com boa visibilidade, ora curva sem nos mostrar o que vem depois, ora com serras onde ficamos dando voltas, ora neblinada e cheia de perigos, ora dentro de túneis escuros, ora com paisagens lindas a serem apreciadas.
Se percorrermos essa estrada com consciência, saberemos desfrutar dos trechos mais tranquilos, sem esquecer que alguns demandarão maior atenção, energia e equilíbrio, mas que fazem parte da existência humana.
Penso que quem está lendo esse artigo possui mais motivos para ser feliz do que supõe: está chegando a mais um final de ano, sabe ler, pode ler (com óculos ou sem...), pode adquirir o jornal, provavelmente possui família e amigos, emprego ou aposentadoria etc., etc.
Convém lembrar que há aqueles que não chegaram vivos ao final do ano, que perderam a saúde e se encontram num leito de hospital sem poder locomover-se, alimentar-se ou fazer a higiene pessoal com suas próprias mãos, que perderam a memória ou o juízo e, pensar estas condições nos retira o direito de pensar que não somos felizes.
Concluo esse artigo, convidando para uma revisão dos conceitos de felicidade e de gratidão, que a meu ver estão entranhadamente ligados.
Penso ainda ser oportuno compartilhar com os leitores algumas palavras do fundador da Logosofia acerca da felicidade, todas contidas em seu livro Bases Para Sua Conduta:
“A felicidade é algo que a vida nos outorga através de pequenas porções de bem...” “... nos adoça a vida, enchendo-a de esperança e de graça; se, porém, a consciência permanece estranha a ela, sua presença no sentir será fugaz, e a recordação do bem que nos proporciona se esfumará rapidamente.” “... você compreenderá agora que a felicidade não é o que se desfruta em um, em dois, nem em três instantes... Ela deve interpenetrar todo o nosso ser”.
Um feliz 2012. Que ele seja de menos reclamação e de mais gratidão!
(*) Mestre em Psicologia, terapeuta das Perdas e do Luto; palestrante