Quero me expressar aqui como se eu tivesse pouquíssima ou nenhuma noção sobre o que é: mandado de segurança, habeas corpus...
Quero me expressar aqui como se eu tivesse pouquíssima ou nenhuma noção sobre o que é: mandado de segurança, habeas corpus, foro privilegiado, condenação, recurso, trânsito em julgado, além de outros temas jurídicos. Comparo-me ao homem que vê, mas não enxerga.
Vejo um banqueiro sendo preso por duas vezes e logo liberado; uma socialite condenada a 94 anos de prisão também solta; um delegado federal implorando para não ser preso; um império com formato de construtora devassado pela polícia, e ao mesmo tempo sendo defendido pelos nossos mandatários. Vejo a ostensiva queda de braços entre o ramo podre e o sadio das nossas instituições. Isso confunde qualquer homem de bem.
Quando se mexe com o pequeno, é o mesmo que não ter mexido, mas com o “grande”, logo vem o enxame de abelhas adestradas atacando a quem mexeu. Aí, quem é acusado vira acusador e a vítima logo é ré. Num país onde todo cidadão pode matar outro cidadão e ficar em liberdade, o que podemos esperar? O presidente do STF bate boca com um juiz, por causa do tal banqueiro lesa-pátria. O delegado pode ser preso, mas a socialite, jamais... O homem de bem, a essa altura, perde o rumo...
Os poderosos sempre acham que a lei foi feita e não foi feita para eles. Estava certo Voltaire quando afirmou que: “Atrás de toda fortuna está oculto algum crime”. Nesse momento eu queria ser o homem de pouquíssima visão a quem tentei me comparar. Ele não sofre tanto quanto eu.
Comparo o Brasil atual com uma velha barragem contendo água apodrecida que rompeu. Já desceu muita água caudalosa levando impurezas misturadas a pedaços imensos de concreto armado. Agora rompem as bases e, lá embaixo, estão os poderosos cravados na rocha bruta. Os falsos impérios e as mazelas nacionais, um a um estão vindo à tona, mas resistindo com todas as suas forças. Enquanto isso, os honestos ficam por entender...
(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro