Definitivamente, cheguei à conclusã há episódios que me atraem, ou são atraídos por mim. Senão vejamos: na terça-feira da semana em curso (31/05/2022), assisti a um episódio que só mesmo tendo cara de pau para ser o(a) protagonista. Às 12h30min, saindo de uma agência bancária, de súbito vi uma moça caminhando sobre a calçada, tendo vários cabides plásticos numa das mãos. À sua frente seguia uma bem-apresentável senhora, carregando um saco plástico cheio de objetos. Assuntei e soube que a moça era uma vendedora implorando a uma ladra para lhe devolver os objetos por ela furtados numa loja não muito distante dali.
“Senhora!”, suplicou a vendedora. “Por favor, devolva o que pegou na loja onde eu trabalho! Não faça isso comigo. Terei que pagar à empresa se a senhora não devolver”. E a tal senhora, como se não fosse com ela, mantinha o nariz arrebitado e caminhava lentamente. A vendedora acabou por desistir, embora, se quisesse, poderia ter soltado o conhecido grit “Pega o ladrão!”, ou, “Pega a ladra!”. Com tantos clientes à porta do banco, a tal senhora teria sido contida com facilidade.
Fiquei indignado e perguntando a mim mesm é a certeza da impunidade? Ou falou mais alto o cuidado da vendedora para não expor a “inocente” mulher, que poderia sentir-se constrangida em público. Na fritada dos ovos, a vítima viraria ré e vice-versa. Estamos num país em que o crime compensa! Saí dali decepcionado por ter visto aquele exemplo degradante.
Ao virar a esquina, tive o ânimo revigorado. O Sr. Benedito Sebastião de Sousa Coelho, com mais de setenta anos de idade, aposentado, empurrava sua bicicleta de carga em plano inclinado, na avenida Presidente Vargas. Sim, é o querido Pelé do Mercado, figura respeitada em Uberaba pelas suas seis décadas dedicadas ao extenuante trabalho de entregador.
Quando vejo fatos assim, lembro-me de que estamos expostos para ver exemplos degradantes ou nobres. Basta observar.
