ARTICULISTAS

Bateu o martelo

Tínhamos uma preciosidade em Uberaba que infelizmente desapareceu: o Museu do Lixo, então situado na antiga Usina Beneficiadora, hoje desativada.

João Eurípedes Sabino
forumarticulistas@hotmail.com
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 13:52
Compartilhar

Tínhamos uma preciosidade em Uberaba que infelizmente desapareceu: o Museu do Lixo, então situado na antiga Usina Beneficiadora, hoje desativada. Garis motorizados recolhiam diariamente das ruas objetos ainda aproveitáveis, exóticos ou históricos. Desse valiosíssimo acervo que acabou, obtive uma “chapa” original em preto e branco do glorioso Uberaba Sport Club, “batida” em janeiro de 1921.

Naquele “scratch” fotografado estão em plena juventude: Alfredão, Hildebrando, Walter, Miguel, Badú, Maciel, Bahianinho, Kiki, Walfredo, Rodarte e Pinho. Com certeza, aqueles jovens e sucessores deram tudo de si para que o time alvirrubro tivesse o seu estádio próprio. Ele atravessou os tempos. Nenhum daqueles “meninos” deve ter imaginado que dali a exatos 88 anos, ou seja, no ano de 2009, o estádio Boulanger Pucci seria penhorado pela Justiça. Menos ainda, devem ter previsto que o leiloeiro faria o que fez: bateu o martelo.

Não posso fechar os olhos para o clamor que me vem, inclusive de fora do Brasil. Uberabenses não engolem a perda do estádio. “Não poderia existir outro presente para a cidade nos seus 189 anos?” “Nossa Uberaba não conseguiu segurar o estádio cujo time leva o seu nome?” Essas perguntas me vieram dos Estados Unidos da América e de Porto Rico. Tenho outras do Canadá, Espanha, Inglaterra e Itália.

Certa vez dirigi-me ao Condomínio Morada dos Búzios, contíguo ao estádio. De um daqueles arranha-céus vislumbrei o gigante vermelho e branco “abraçando” seu imenso tapete verde. Enchi as vistas e hoje me faço uma simples pergunta: o que sentem os moradores daquela localidade tão aprazível diante da iminência de ter outros colossos de concreto armado como vizinhos? É difícil conceber a ideia de trocarmos, ali, o verde pelo concreto. O verde seria o interesse público e o concreto, interesse da iniciativa privada. Sou, entretanto, inconteste apoiador do progresso. Que ele venha sem comprometer inclusive a história.

Manifesto aqui minhas reverências a todos os baluartes que deram ao USC o patrimônio que ele tem ou teve. Permitam-me citar o saudoso Dr. Renê Barsan como lídimo representante desse honrado time. Os que fizeram ao contrário não fiquem tristes. Vocês também terão os seus nomes gravados na nossa história...

(*) presidente do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por