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Bombas, tanques e fuzis!

O Brasil inteiro está acompanhando a desinfecção do Morro do Alemão

João Gilberto Rodrigues da Cunha
Publicado em 01/12/2010 às 19:55Atualizado em 20/12/2022 às 02:57
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O Brasil inteiro está acompanhando a desinfecção do Morro do Alemão. Vejo e escuto o Exército brasileiro e sua parafernália bélica subindo as vielas sujas e tortas, todos armados até os dentes, helicóptero em cima, embaixo um mostrengo de tanque que, se não virar lá em cima, vai voltar de marcha a ré. E a moçada armada com fuzis cinematográficos, boinas elegantes – pra que capacete nesta guerra desigual, onde os traficantes criminosos estão se mijando de medo no mundo e imundo de seus covis?

Esta guerra nasceu morta, a desigualdade das forças é absurda, só falta aparecer um estafeta correndo com a bandeira do Brasil, enquanto de longe o governador vai cantar o “avante, camaradas, ao tremular de nosso pendão!” ’Tá bem, é importante encher aviões da FAB com traficantes, ladrões e assassinos e desembarcá-los lá em Rondônia – ou Roraima, se for possível. Não vão poder plantar mandioca, milho, arroz ou qualquer outra coisa de benefíci a Marina dirá que é agressão, que não têm estudo do meio ambiente, da reserva florestal, das águas puras e o tal a quatro. E será difícil a madame do chefe viajar quatro mil quilômetros para levar um celular escondido sabe-se lá aonde... Penso mais em aprender sinais de fumaça com apaches importados.

Tudo bem neste “por enquanto”: o Exército nacional ganhou a guerra e desinfetou o morro. Tudo pronto, os traficantes perderam a guerra, o Rio de Janeiro respira em paz e o Brasil dorme em leito esplêndido. Mas é curioso observar: os mesmos políticos e governantes que estão destruindo os ninhos desses criminosos permitiram, no passado recente, a invasão e construção de suas favelas. Imagino, maldosamente: por que esta guerra não foi feita e declarada antes das eleições? Será que tinha alguma coisa de votos interessados? Bem, meus amigos, na estiagem política, o pau vai quebrar: outras guerras deverão esmagar outros marginais – azar deles.

Agora, o que é realmente sério e triste é que marginais, drogados e traficantes vão sobreviver – eles mudam facilmente de ponto e residência. Talvez até fiquem mais cruéis e agressivos, uma vingança da vergonha atual. Mais uma vez, recordo aos meus teimosos leitores: na marra, com polícias, armas, tiros e mortes, a droga não encontrará remédio ou solução. Pelo contrário, deverá piorar: violência e crueldades são irmãs siamesas. Já lhes contei sobre a lei seca nos anos 30 nos Estados Unidos. Acabada a lei, bebidas liberadas sob controle social e acabou-se a violência. Aqui, com as drogas, esta é a receita deste velho e calejado médic liberação das drogas sob controle da saúde pública. Drogas são psicotrópicos e psicotrópicos representam o maior receituário dos tempos atuais – não custaria incluir mais um. Por que não? Penso fácil: tem montes de políticos contrários, vivendo e sendo votados. Não tem interesse nem coragem, são ocultos e escondidos. Matam muito mais que o Exército no morro do Alemão. Rondônia para eles seria pouco.

De passagem, o nosso trânsito assume beleza e elegância. Aquela “rotatória de quinas” ali na rua da Medalha merece o prêmio.

(*) médico, pecuarista

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