E o Brasil ganhou as Olimpíadas de 2016! Olha, gente, é preciso acreditar. Nunca, em tempos passados, tivemos os sucessos que vão se sucedendo no governo Lula. É preciso reconhecer ist o barbudo, que já foi chamado sapo, é mesmo sortudo. Deixando de lado uma porção de acidentes, o nosso Lula é o que chamamos: nasceu com o lu pra lua. No nosso varejo de interior nada mudou. Pobres continuam por ai, tá passando aqui em frente um deles puxando um carrinho onde vai juntando restos de lixos e coiseiras que ele apanha na rua leva prum depósito de seleção onde lhe pagam uns dez reais pelo dia caminhado e suado, pela carroça estragada e torta das rodas. Ele vai remando... Na ponta oposta existem os escândalos políticos, no Senado, nas Câmaras lá de cima até vereadores e ajudanças de toda sorte. Concorrências fajutas, preços superfaturados e comissões escandalosas... é pra todos os dias, apesar da imprensa livre e denunciante: nada acontece. Aliás, só pra contar humor negro, comento o sofrimento da nossa competente Polícia Federal. Lá no Rio do peixe a gente tinha um cachorrinho especial em pegar frangos pra cozinha. O Chico Preto saia lá fora, um punhado de milho na mão, gritava ti-ti-ti, a galinhada juntava ao redor. Ele chamava o Negrinho, cachorrinho de sua estima e economia de pernas, e apontava o frango escolhido, gritava pega-pega, e era aquela corredeira pelo quintal – mas no final o negrinho trazia a caça ordenada. Mal comparando, coisa de que eu gosto, é a nossa Polícia Federal em suas caçadas... É, gente, mas um dia o Ponciano trouxe um presente especial pro Chico Pret um papagaio danado, gritava e falava o dia inteiro, e noite de lua também. Pior, o papagaio sacana gostava mais era de estumar cachorro pra pegar galinha – e no caso o Negrinho se fuzilou (verbo mais educado...). É que já cedinho o papagaio gritava pega-pega, o Negrinho vinha doidão pro meio da galinhada, espatifava tudo, a corrida varejava o quintal, gritaria pra todo lado... e vinha de língua de fora, batendo o fôlego, buscando descanso na varanda. Evidente, o sacana do papagaio reinventava seu pega-pega, gritaria da galinhada, e o Negrinho rebentando os bofes de novo... À tarde, pernas bambas, fôlego esgotado, o Polícia Federal... ops!, desculpem, o Negrinho arriava a bateria, exausto da luta inglória. Dia seguinte, tudo de novo, até que um dia o Negrinho desconfiou do papagaio, parou de correr, ficava espichado na varanda, abria um olho no de vez em quando, e pensava: tá tudo no seu lugar... e redormia. Caramba, eu estava era comentando a extraordinária e competente sorte do Lula – e perdi o rumo. Remendo em finalmência: o presidente permite e estuma as apurações, mas fica lá no galho do pau. O barulho da galinhada e cachorradas não chegam às alturas de seus aviões e sortes. É bom pra ele e pra nossa imagem no mundo. Só é ruim pro varejo interior e baixo da pobreza, da saúde, da violência, das drogas, e do resto que não tenho tempo pra escrever.
(*) médico e pecuarista
