Nós assistimos o jogo entre Santos e Barcelona. Penso – e outros também – que nunca vi um vexame tão grande em cima dos brasileiros. Quando eu ainda jogava – no São Januário e aqui no Uberaba Sport –, a medicina levava também uns banhos, a odontologia era a fera de Inimá, Sultan Matar, Volante e outros craques inesquecíveis. Entretanto, nunca passamos a vergonha que o Santos levou. Se este for o futebol brasileiro para a copa, nem vou ligar a TV. Agora, e com a experiência e sabedoria da idade, vou contar-lhes o desastre do Santos – que poderá ser o do Brasil 2014. Em primeiro lugar, meus amigos, coloco os maiorais: presidentes da Federação e dos nossos times. Um grupo de pilantras, que na maioria nunca jogaram nem entendem de futebol. Entendem muito de dinheiro, de verbas e transações milionárias e maxi-hotéis de mistura, promoções jornalísticas. A bola que jogam não é de futebol. Nenhum deles chutou um pênalti ou tiro de meta. A dona Dilma – que detesta picaretagem, incompetência ou desonestidades – devia mandá-los para Qatar, Síria ou Bangladesh. Mas deixa isto pra lá, vamos recordar o jogo. Primeiro, e acima de tudo, se nossos técnicos (os que lá foram ou aqui ficaram), devem recordar a lição que nos meus tempos de Rio de Janeiro o Nenen Prancha – tipo folclórico da praia de Copacabana – ensinava aos jogadores eventualmente burros. Dizia o Nenen: gente, futebol é com bola, né? A bola é de couro, né? Couro é de vaca, tá certo? Vaca come capim, certo? Por isto, seus burros, bola tem que correr rasteira e ligeira na grama; balão só pra festa de São João! Bem, vocês viram que a bola do Barcelona corria o tempo todo de pé para pé, da ponta direita ao centro e ao ponta esquerda – e dentro da área é só pra golpe final. E o Brasil, meus amigos? O desespero era mandar o balão pro mais alto e longe possível, passar bola... pra quem, meu Deus! Aquele menino Nilmar virou estrela apagada, seu jogo é de bola rápida e rasteira... mas ninguém jogou assim. Um time sem técnico, sem diretor, sem auxiliares, sem rumo, apavorado. Nós todos, aqui do outro lado do mundo, assistindo à Espanha passar-nos esta vergonha. Pior e além: tem gente que ainda acha que foi azar nosso ou sorte dos gringos. Vamos seguir assim? Se formos, vou assistir a Ana Maria Mais Pior. Não tem perigo de piorar!
(*) Médico e pecuarista