É preciso discernimento para se aplicar o dinheiro público. Carnaval ou saúde? – numa época de crise financeira, esse é o dilema agora enfrentado por quem tem a função de aplicar verbas advindas de impostos e de instâncias superiores.
Renata Braga, prefeita de Porto Ferreira (São Paulo), comunicou aos dirigentes de blocos carnavalescos da cidade que, com a verba orçamentária do Carnaval de rua, de R$ 120 mil, comprará uma ambulância para o município, pois saúde é prioridade. Blocos poderão desfilar nas ruas, desde que, caso não disponham de recursos, busquem patrocínio privado.
Uma medida como essa, no país do Carnaval, afeta a popularidade de administradores públicos. Mas, com a ambulância em funcionamento, a população entenderá a corajosa prefeita. Prefeituras de inúmeras cidades do Brasil fizeram opção semelhante: algumas cidades com Carnaval bem estruturado deixarão de bancar a festa popular.
Emblemática é a situação do Rio de Janeiro, cujos hospitais vivem momento conturbado, com dívidas que ultrapassam R$ 1,5 bilhão. A prefeitura do Rio assumiu o funcionamento de dois hospitais estaduais, além de pedir substancial empréstimo ao Governo do Estado. Porém, quando se fala em Carnaval, é impossível não lembrar Rio de Janeiro, Salvador e Olinda.
São duas situações distintas: a saúde no Brasil respira por aparelhos; e o Carnaval, parte de nossa cultura, é a alegria do povo. Entretanto, passada a momentânea euforia, quem necessita de tratamento pode não o receber, por falta de verba. Verbas destinadas à alegria de Momo e não gastas na folia não sanam problemas da saúde, porém minimizam.
Fantasias de Carnaval podem ser aproveitadas em algumas cidades mais animadas, ou aguardar mais um tempo no cabide. Já as necessidades em relação à saúde são urgentes. E esta é a hora de os responsáveis pela administração de cada município decidir, com sabedoria, o que é melhor para seu povo. A sorte está lançada.