Pequenos trechos concentram 20% das mortes nas estradas
“Pequenos trechos concentram 20% das mortes nas estradas. Levantamento da Folha de São Paulo em rodovias federais identifica 27 áreas letais; imprudência e falta de fiscalização estão entre as causas”. Eis a manchete de capa daquele jornal no dia 14/04/2014.
É tão pertinente a afirmativa, que os percursos entre Uberaba e Araxá, Campo Florido, Delta e Uberlândia estão aí para não deixar dúvidas. É difícil um dia em que vidas não são ceifadas nesses “pequenos trechos”, além de outros, situados dentro de um raio menor do que 100 quilômetros. Apartando a imprudência dos condutores, atenho-me ao que víamos noutros tempos e hoje rodamos por horas sem vê-la, qual seja: a presença de fiscalização policial. Quem viaja de Uberaba a Brasília pelas BRs-050/040 e volta faz esse trajeto muitas vezes sem que uma viatura oficial seja vista em vigília. Operações sazonais ocorrem, mas...
Lembro-me de ver nos anos sessenta o pioneiro e saudoso patrulheiro Otacílio Carneiro dos Santos, montado em sua potente moto Harley Davidson azul/amarela, patrulhando, sozinho, as rodovias federais que nos cercam. Ele parecia adiantar-se aos fatos e, com sua imagem, fazia se respeitar. E hoje o que se vê? O Posto Policial que homenageia aquele inspetor, situado no quilômetro 151 da BR-050, está abandonado e entregue à sorte. A sensação de insegurança é fator subjetivo e, quando passamos por lá, ela nos diz: “Por aqui passam bons e maus, mas nenhum deles é importunado”.
Há falta de contingente? Há falta de gestão política? Admito as duas certezas porque ambas se completam. Enquanto isso, assaltos a ônibus, roubos de cargas e acidentes dantescos se repetem. Sei da força desta página e isso me faz pedir socorro a duas pessoas: a primeira é a menina Dilma Rousseff, hoje presidente da República, que teve parte da sua infância vivida na casa de número 90 da rua Vigário Silva. A segunda é a jovem inspetora Maria Alice Nascimento, diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal. Espero que o Serviço de Inteligência das duas aja logo.
Nós, do Triângulo, somos mestres em aplaudir e dar recepções aos que nos prometem, ainda que suas promessas não se consolidem. O Projeto Olho Vivo, por exemplo, depois de inúmeras idas e vindas, aí está para ser concluído. Os impostos, ah... esses são cobrados na “conta”, antes de qualquer conversa.
O papel do nosso “Nariz de Minas”, ou Triângulo, sempre foi o de dar aos baldes e receber em xícaras. E, na fila, Uberaba carrega o estandarte.
(*) PRESIDENTE DO FÓRUM PERMANENTE DOS ARTICULISTAS DE UBERABA E REGIÃO; MEMBRO DA ACADEMIA DE LETRAS DO TRIÂNGULO MINEIRO