Hoje, sábado, vinte e sete de março, levantei-me ainda com o escuro para pegar o JM no meu jardim e saber o veredicto final do caso Isabela Nardoni e, ao ler na primeira página a notícia da condenação de seu pai e madrasta, tive aumentada a minha confiança na Justiça. Há exatos dois anos atrás, publicamos neste jornal um artigo expressando nossa indignação e analisando se a conduta daquele casal não estava ligada a um problema de educação permissiva. Tomo a liberdade de reproduzir dois parágrafos daquele artig “Não consigo pensar na morte de Isabela, como um repente isolado de uma pessoa emocionalmente equilibrada. Acredito que tenha sido a ‘arte’ mais recente de uma pessoa equivocada e fruto de uma educação distorcida. Em minhas cogitações íntimas e que, nem sei se deveria fazê-las públicas, só consigo enxergar o pai de Alexandre como co-autor do crime. Não me surpreenderia se a qualquer momento, a história trouxesse à tona a notícia de que partiu dele, enquanto experiente advogado, a sugestão de que a menina fosse jogada pela janela e que Alexandre já chegasse ao jardim de seu prédio anunciando a presença de uma ‘terceira pessoa’ na cena do crime, e se esta tese ‘colasse’, seria a única chance dele não ser imediatamente incriminado”. Hoje vemos que não colou e que, muito menos adiantaram as sugestões técnicas do advogado pai durante o julgamento que, segundo a imprensa, passou bilhetinhos o tempo todo para a defesa do caso. No artigo citado expressei três desejos: Que Isa descansasse em paz; que a verdade viesse à tona para que a Justiça pudesse ser feita e que os pais pensassem muito em como estão educando seus filhos: Se para viverem bem e respeitarem a vida própria e alheia, ou se para matarem por falta de limites contando com a certeza da impunidade. A verdade não veio à tona e nem sei se virá um dia. Duvido, uma vez que nos momentos cruciais onde os deslizes ou a declaração do crime pudesse escapar, isso não aconteceu. Isso hoje já não me importa. Não sou do ramo do Direito e nem sei se os Nardoni ainda poderão recorrer tentando reduzir sua pena por meio de algum artifício legal. O que me importa é que a família de Isabela e todos nós que torcemos pela condenação de seus assassinos, possamos sentir esta sensação muito rara em nosso país nos últimos tempos, a de que a Justiça sendo feita.