ARTICULISTAS

Censo 2010

Contar pessoas e conhecer os seus hábitos, sua formação familiar e as suas cores

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 16/11/2010 às 21:32Atualizado em 20/12/2022 às 03:12
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Contar pessoas e conhecer os seus hábitos, sua formação familiar e as suas cores, seu grau de instrução e a renda familiar são coisas tão antigas no Brasil e no mundo como manipular opiniões.

Recenseadores sempre bateram às portas, enquanto, moradores retorcem narizes e com displicência respondem àquelas perguntas previamente formuladas. O que mudou nesta história foram às tecnologias de aferimentos do que se quer conhecer, embora, as finalidades sejam as mesmas de sempre. Porém, o conteúdo de nossa prosa não é o de historiar o censo no Brasil, mas o de provocar, que seja, a reflexão. Então, não importará, aqui, se a sua casa foi visitada ou não. Se você fingiu que não estava se negando a responder as questões, ou se está indignado porque não foi visitado.

Nossa mira, neste texto, é a mobilização para atingirmos os 300 mil habitantes, tão desejados, como se fosse o fim do mundo não tê-los. Uns pensam que temos quase 500 mil habitantes, outros se sentem tímidos por viverem numa cidade que não tem a população sonhada. Alguns esbravejaram, outros buscaram nos meios de comunicação o apoio em prol do aumento populacional da cidade. Tudo isso posto é legítimo, porém, com algumas coisas ilógicas. A questão populacional interessa a quem? Se houvesse uma pesquisa domiciliar em qual alternativa você assinalaria, preferencialmente, como sendo a mais importante para a sua vida; o quantitativo populacional ou o planejamento urbano? Estamos nos mobilizando para atingir os 300 mil habitantes como se isso fosse uma questão pétrea para o nosso desenvolvimento.

Ledo engano, isso é secundário quando comparado ao planejamento urbano seguido de políticas públicas, que contemplem os cidadãos nos seus direitos fundamentais. Tomara que a mobilização -Censo/IBGE - desperte nos uberabenses o desejo de participar dos debates de definição de políticas estruturantes de nossa cidade, quando houver. De que vale o significativo populacional desprovido de rede de proteção social que tranquilize o cidadão no tocante à defesa social, educação de qualidade, atendimento eficaz na saúde, lazer e esporte, cultura, infraestrutura com água e esgoto tratados, transporte público... São equivocados aqueles que creem que a cidade grande é à base das oportunidades, fonte de conhecimento e prosperidade.

O quantitativo populacional interessa mais ao mundo político, com os seus repasses e poder de articulação, do que ao cidadão que aspira a condição de vida melhor, que por sinal pode existir em cidades pequenas. Esse complexo uberabense, de sempre se comparar a Uberlândia é uma herança maldita vinda de livros didáticos de história; comparação que não serve pra nada, exceto para quem a manipula.

Que Uberaba tenha 300, 400 mil habitantes, mas que os seus moradores tenham políticas públicas e privadas que os contemplem e aos que a visitam. Que tal canalizarmos essa mobilização da visitação às casas que não foram visitadas – se não foram – em prol da conscientização da importância do planejamento urbano, do aprimoramento da prestação dos serviços públicos, da responsabilidade social das empresas... É preciso introjetar na prática política que o processo eleitoral não é um fim em si e nem meio, mas concepções que podem e devem ser ampliadas pela participação.

(*) professor

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