Psicóloga Ilcéa Borba Marquez, na Rádio JM, nesta segunda-feira (10) (Foto/Jairo Chagas)
Com os recentes casos de ataques em escolas nas últimas semanas, inclusive com um episódio não confirmado em Uberaba, pais e responsáveis buscam orientação sobre como lidar com perguntas dos filhos sobre o assunto. Em entrevista à Rádio JM, a psicóloga Ilcéa Borba Marquez afirma que as perguntas devem ser respondidas pontualmente, de acordo com o que a criança pergunta.
“O ponto principal é saber escutar atentamente a pergunta e responder pontualmente. Eu não faria uma exposição total sobre o assunto, se a criança não perguntou. Falar sem a criança ter perguntado, pode até mesmo traumatizar”, avaliou a especialista. Ela completa que, por mais que a criança não entenda a gravidade, ela pode estar com medo também. “Se a criança questiona se isso pode acontecer na escola dela é porque ela teve acesso a essa informação e pode estar com medo. É importante que os pais acolham a criança e, infelizmente, ela realmente precisa ter medo”, afirma.
Se a pergunta vem de quem já está entrando na adolescência, deve ter uma atenção redobrada. A ideia é garantir que o adolescente entenda os seus limites, os limites dos outros e da sociedade em si. Por isso, passar por frustrações durante esse período pode ser extremamente necessário. “Até que ponto o esclarecimento pode incentivar a esse tipo de crime? Precisa ter cuidado. A nossa sociedade está muito imediatista. E muitas crianças estão sendo criadas sem ouvir um ‘não’. Se você só cede, pode estar levando uma criança a se tornar um adulto que acha que pode tudo”, afirma a psicóloga.
Dados
De acordo com mapeamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre casos de ataques em escolas, o primeiro episódio foi registrado em 2002. À época, um adolescente de 17 anos disparou contra duas colegas dentro da sala de aula de uma escola particular de Salvador.
Foram listadas 22 ocorrências desde 2002, sendo que em uma ocasião o ataque envolveu duas escolas. Em três episódios, o crime foi cometido em dupla. Em cinco, os atiradores se suicidaram na sequência. Ao todo, 30 pessoas morreram, sendo 23 estudantes, cinco professores e dois funcionários das escolas. Do total de casos, 13 (mais da metade) estão concentrados apenas nos últimos dois anos.
Uberaba
Em Uberaba, a Polícia Militar foi acionada em uma escola estadual onde, conforme boatos, haveria uma tentativa de ataque por um aluno. No fim, tudo não passou de um boato, mas deixou os pais e responsáveis extremamente preocupados e reacendeu a pauta sobre a segurança escolar no município.
Neste tom, a vereadora Denise Max tramita um projeto para instalar "botões de pânico" nas escolas de Uberaba. Seria uma maneira de garantir apoio das forças de segurança em casos de ataques.