POLÍTICAS PÚBLICAS

Acolhimento e respeito: a necessidade de enxergar comunidade trans

Letícia Marra
Publicado em 29/01/2023 às 18:10
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Bandeiras LGBTQIAP+ e Trans (Foto/Arquivo JM)

No dicionário, respeito está definido como sentimento que impede uma pessoa de tratar alguém mal, de ser malcriada ou de agir com falta de consideração na maneira como se comporta com os outros; estima. Pode ser visto também como sentimento que faz com que alguém não diga ofensas nem insultos; tenha consideração. 

No Brasil, a comunidade LGBTQIAP+ sofre cotidianamente com a falta de respeito e de acolhimento. Pelo 14º ano consecutivo, Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans no mundo. Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas em território brasileiro. Outras 20 tiraram a própria vida em virtude de discriminação e do preconceito. 

É necessário dar visibilidade para que esses corpos existam e não só resistam. Em Uberaba, o Coletivo Beth Pantera trabalha ativamente, cobrando políticas públicas efetivas para que pessoas trans não sejam somente estatísticas. 

A coordenadora do grupo, Angélica Freitas, aponta que a pauta trans não pode se tornar uma disputa política, pois são pessoas que estão sendo empurradas para a margem da sociedade sem ao menos terem a opção de escolha. "As pessoas e políticos em nossa cidade têm que se conscientizar que somos cidadãos como qualquer um, conscientes dos nossos direitos e deveres. Não é uma questão de nos aceitar, e sim respeitar o nosso espaço social e político e entender que também tem a sua importância”, relata.

A representante da Aliança Nacional LGBT+, Stella Nathane, aponta que o conservadorismo da cidade impede que essas políticas públicas sejam implementadas. “Conservadorismo esse que causa um imenso retrocesso político, por exemplo, o próprio Processo Transexualizador, que é uma política LGBT Federal criada pelo próprio SUS, não é aplicada aqui em Uberaba, uma vez que já venho nesta busca há 12 anos”, aponta. 

Além disso, Nathane pontua a importância da conscientização por meio da militância embasada juridicamente. “Aliança me auxiliou muito em conhecer novas pessoas e ter acesso a mais informações cruciais para fazer dar certo a militância em si "para não ficar dando murro em ponta de faca" e com ela tive apoio para buscar os meios corretos de se cobrar a aplicação e criação de políticas públicas, de forma a não cair na inconstitucionalidade, e realizar uma Militância Ativista e não ostensiva”, explana. 

A Miss Trans de Uberaba, Joyce Monteserrat, também aponta que a militância é necessária para que seja possível combater qualquer tipo de preconceito. “Somos todas iguais. Morremos e iremos para o mesmo buraco, apodrecer do mesmo jeito. Esse conservadorismo da cidade é desnecessário. Queremos ocupar nossos espaços de direito, queremos andar na rua sem sofrer transfobia, sem passar constrangimento. A militância é tudo sobre isso”, conta. 

Além disso, estando à frente da comunidade trans em Uberaba, Joyce explica que a união é importante para o acolhimento e fortalecimento da comunidade. "O mês é importante para as pessoas não esquecerem que estamos aqui, resistindo, lutando, vivos. E vamos unir, lutar e seguir em frente, garantindo nossa existência”, finaliza. 

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