A médica endocrinologista Fernanda Magalhães destaca os riscos causados aos pacientes pelo diabetes descontrolado (Foto/Divulgação)
Nesta sexta-feira (14), é celebrado o Dia Mundial de Enfrentamento ao Diabetes, data dedicada à conscientização sobre uma das doenças crônicas que mais causam complicações e mortes no mundo. Em entrevista ao programa Pingo do J, na Rádio JM, a endocrinologista Fernanda Magalhães destacou que o diabetes é uma doença silenciosa, mas com alto potencial de gerar consequências graves. “Talvez seja a doença crônica que mais tem consequências, com grande morbimortalidade. Às vezes não é a glicose alta que mata, mas as complicações que ela causa, como o infarto e o AVC”, alertou.
A médica reforçou que o pré-diabetes não deve ser visto como algo leve, pois já representa o início do processo da doença. “O pré-diabetes já leva a maior risco de doença cardiovascular, problema renal, alterações no fundo do olho e neuropatia. Antigamente, achávamos que era algo passageiro, mas hoje sabemos que as complicações crônicas já podem aparecer nesta fase”, explicou.
Segundo a especialista, a boa notícia é que o pré-diabetes pode ser reversível. “A melhor prevenção não é o medicamento. É perder peso e fazer exercício. Quem tem pré-diabetes e consegue mudar o estilo de vida pode reverter o quadro”, disse. Ela recomenda pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica, como caminhada, bicicleta ou natação, além de musculação duas vezes por semana.
Entre as complicações mais graves, Magalhães destacou a neuropatia diabética, que causa dormência, formigamento e pode evoluir para a perda de sensibilidade nos pés. “O diabetes é a principal causa de amputação não traumática de membros inferiores. Muitas vezes o indivíduo não sente dor, se machuca e a ferida não cicatriza, podendo levar à amputação”, explicou.
A endocrinologista também chamou atenção para os hábitos que favorecem o surgimento da doença, como obesidade, sedentarismo e sono inadequado. “Não é o fato de comer doce que causa diabetes. O que leva à doença é a tendência genética somada a maus hábitos. A obesidade, por si só, já pode desencadear o diabetes tipo 2. E o sono ruim também altera a glicose — devemos dormir de seis a nove horas por noite, com boa qualidade”, orientou.
Na alimentação, o equilíbrio é a palavra-chave. “O caldo de cana é açúcar puro e deve ser evitado. Já alimentos como batata-doce e beterraba, que têm carboidratos complexos, podem ser consumidos com moderação. E é importante lembrar: gordura é pior que açúcar para o controle do diabetes”, alertou a médica.