O inventário de bens deixados pelo médium Chico Xavier foi concluído, após uma década de trabalho
Casa de Memórias de Chico Xavier (Foto/Chico de Minas Xavier)
Após mais de uma década de trabalho, foi finalizado o inventário do patrimônio material e imaterial ligado à memória de Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier. Entre os bens imóveis, a Casa de Memórias e Lembranças do médium tem indicativo para tombamento e documentação remetida à Unesco para o reconhecimento entre os patrimônios da humanidade.
O processo de inventário é resultado de um acordo judicial celebrado em 2012 entre o Ministério Público Federal (MPF) e diversas entidades, visando à proteção dos bens deixados pelo renomado médium mineiro. Os trabalhos de pesquisa foram conduzidos pelo Instituto de Inovação Social e Diversidade Cultural (Insod), envolvendo uma equipe interdisciplinar de especialistas. O instituto recomenda que a Casa de Memórias e Lembranças Chico Xavier seja incluída no Livro de Registro dos Lugares do Iphan como um bem cultural imaterial de relevância para o Brasil.
Além disso, o Insod sugere a preservação do acervo material associado à Casa de Memórias e Lembranças Chico Xavier, bem como a inclusão no Livro de Tombo n° III do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), que abrange as obras de arte históricas e os documentos paleográficos ou bibliográficos, para que seja reconhecido como um bem cultural material relevante para o Estado de Minas Gerais.
O relatório também recomenda o tombamento pelo Estado de Minas Gerais e a inclusão no Livro de Tombo n° III dos demais cinco bens edificados relacionados à vida e obra de Chico Xavier em Uberaba: a Comunhão Espírita Cristã (CEC) e a Primeira Residência de Chico Xavier em Uberaba, o Grupo Espírita da Prece (GEP), a Assistencial Chico Xavier, o Jazigo Chico Xavier e o Abacateiro.
O Insod entregou os relatórios e dados resultantes do Plano de Ação desenvolvido na Casa de Memórias e Lembranças Chico Xavier (CMLCX) ao MPF em agosto de 2022. Com cerca de dois terabytes de dados, a documentação foi encaminhada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ao Iepha/MG e à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo para validação, de acordo com suas metodologias específicas. O Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau) também recebeu uma cópia do Relatório Consolidado do Plano de Ação para tomar as devidas providências.
Chico Xavier, nascido em Pedro Leopoldo (MG), mudou-se para Uberaba, no Triângulo Mineiro, em 1959, onde viveu até sua morte em 2002. O médium deixou mais de 400 livros psicografados, com mais de 50 milhões de exemplares vendidos em português e traduzidos para várias línguas.
Além do tombamento pelo Estado de Minas Gerais e pelo Iphan, o local onde Chico Xavier se destacou no espiritismo mundial está em análise pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para uma possível inclusão em sua lista de territórios especiais do planeta.