A Região do Cerrado Mineiro, que abrange 55 municípios do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, incluindo Uberaba, será destaque na COP30, conferência mundial sobre mudanças climáticas que acontece em novembro, em Belém (PA). O território, reconhecido pela força da cafeicultura e pela adoção de práticas sustentáveis, participa da programação oficial no dia 18, no Painel 36, com o tema “Restaurar e Regenerar”.
O debate será mediado pelo gerente regional do Sebrae Minas, Marcos Geraldo Alves, e contará com o produtor rural Marcelo Urtado, presidente do Consórcio Cerrado das Águas (CCA). Urtado vai apresentar as ações desenvolvidas na região para garantir segurança hídrica e promover sistemas produtivos mais sustentáveis, com destaque para o projeto que cria corredores ecológicos ligando cerca de 2 mil propriedades rurais, em uma área de 180 mil hectares.
Segundo ele, a proposta é um exemplo de como a agricultura regenerativa e a conservação ambiental podem caminhar juntas. “Enquanto em alguns modelos a agricultura é vista como impacto negativo, aqui ela é parte da solução. Quando a agricultura regenerativa e as áreas de reserva são restauradas, elas ajudam a conectar fragmentos do Cerrado”, explicou.
O Cerrado Mineiro já conta com 33 mil hectares certificados em agricultura regenerativa, sendo a maior área certificada do mundo na cafeicultura e a maior área em Boas Práticas Agrícolas do Brasil. Essas práticas buscam reduzir os riscos climáticos e fortalecer a resiliência das atividades agrícolas, fundamentais para a economia regional.
O Sebrae Minas atua como parceiro do movimento, oferecendo apoio técnico aos produtores por meio do Educampo, plataforma que promove eficiência e sustentabilidade nas propriedades rurais. A instituição também apoiou o CCA na conquista de uma linha de crédito exclusiva para agricultura resiliente junto ao Rabobank e na aprovação de um projeto de R$ 4 milhões pelo Funbio, destinado à expansão da agricultura regenerativa na região.
“O Cerrado, conhecido como berço das águas, é um dos biomas mais afetados pelas mudanças climáticas. Por isso, temos atuado de forma estratégica. O Consórcio Cerrado das Águas mostra como um trabalho coletivo pode reduzir o risco climático”, afirmou Marcos Geraldo Alves.
Além de Urtado e Alves, o painel contará com André Aquino (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), Benno Pokorny (GIZ) e Humberto de Mello (Governo do Mato Grosso do Sul), que discutirão estratégias para restaurar ecossistemas e fortalecer a agricultura sustentável em biomas brasileiros.