OPERAÇÃO CONTER

Criminosos reincidentes alvos da Polícia Civil estavam infiltrados entre moradores de rua

Em entrevista à Rádio JM, o delegado Eduardo Garcia ressalta, no entanto, que não se tratavam de pedintes, mas sim pessoas que simulavam situação de rua; caso semelhante chocou Uberaba no ano passado

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 06/01/2023 às 11:26
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Operação foi deflagrada na quarta-feira (4); 10 dos 14 alvos foram presos (Foto/Divulgação/PCMG)

Criminosos contumazes alvos da Operação CONTER, desencadeada pelas polícias Civil e Militar na quarta-feira (4), se passavam por pessoas em situação de rua. A revelação foi feita pelo delegado Eduardo Alves Garcia, chefe da Divisão de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro do 5º Departamento de Polícia Civil, e também chefe da operação, durante entrevista à Rádio JM. Segundo ele, essas pessoas muitas vezes são presas e soltas tempo depois, inclusive mediante uso de tornozeleira eletrônica em alguns casos, retornando à vida criminosa. Mas o delegado alerta que esses criminosos não são pedintes, mas sim infiltrados entre a população mais vulnerável para a prática delituosa. 

Dos 14 alvos da Operação CONTER, quatro pessoas ainda estão foragidas. À Rádio JM, Eduardo Garcia pontuou haver dificuldades estratégicas para realizar a prisão dos alvos. Todos os procurados estavam em situação de rua, mas apenas cinco deles tinham residências fixas registradas. Neste sentido, o apoio da Polícia Militar foi fundamental.

“Alguns são moradores de rua e alguns não. Dos 14 alvos, conseguimos fazer o levantamento deles e tentamos localizar os endereços. Destes 14, localizamos apenas cinco. Nove são moradores de rua, sem residência fixa. No dia da operação tivemos êxito grande de localizar as pessoas, devido ao fato de não terem residência fixa. A gente contou com a expertise do pessoal da Inteligência da Polícia Militar. Fazendo essas rondas, os policiais sabiam a localização de vários alvos”, explicou Eduardo.

No entanto, uma ponderação é extremamente relevante para a operação. Grande parte dos criminosos se passava por moradores de ruas para cometer os delitos. Ou seja, eles estavam infiltrados entre a população em vulnerabilidade, como pedintes de semáforos, para furtar, roubar e traficar drogas.

“Eles se infiltram na sociedade para cometer os delitos, mas se passam como pedintes nas regiões da cidade. Uma [alvo] ainda não foi localizada, a única mulher envolvida, e ela tem 42 ocorrências na ficha criminal. Ela hoje possui oito procedimentos em trâmite na Polícia Civil. A mulher está com tornozeleira e não conseguimos localizá-la. Provavelmente porque retirou a tornozeleira e jogou fora essa oportunidade de responder pelos crimes em liberdade. Ela foi presa, mas liberada. Passa um mês, dois meses, três meses, e ela é colocada na rua. A ficha de antecedentes criminais dela tem quase 40 páginas”, revelou o delegado.

Exemplo recente de como esses criminosos agem chocou Uberaba em maio do ano passado, quando duas pessoas em situação de rua tiraram a vida de uma idosa. A médica Delma Saud Salles, de 81 anos, foi morta, enforcada, dentro do apartamento onde morava por dois autores

Um dos acusados do crime foi condenado em dezembro a 27 anos, 2 meses e 20 dias de prisão em regime fechado. Em seu julgamento, foi constatado que se tratava de um foragido da Justiça, após fugir da prisão na cidade de Unaí. Ele deu nome errado à polícia ao ser preso, na tentativa de ocultar sua condição de foragido. 

Esta foi a primeira Operação CONTER, para retirada de criminosos da sociedade, infiltrados entre pessoas em situação de rua. Contudo, o delegado Eduardo Garcia afirma que a parceria com a Polícia Militar se estrutura para que se torne rotineira essa ação de busca de criminosos infiltrados entre os moradores de rua. “Vamos tentar fazer com que isso vire uma constância aqui em Uberaba, a cada dois ou três meses. A princípio, essa lista de 14 alvos era para ser maior, mas esses 14 são os principais contumazes em crimes contra o patrimônio, principalmente. São vários furtos, roubos, receptações”, finaliza o delegado. 

ACOLHIMENTO A VULNERÁVEIS

Esconder-se entre a população mais vulnerável é praxe entre criminosos. Contudo, não se pode generalizar a situação. Também em entrevista à Rádio JM, a secretária de Desenvolvimento Social, Gicele Gomes, informou que a pasta realiza o trabalho de acolhimento às pessoas em situação de vulnerabilidade e tenta, na medida do possível, retirá-las da rua com encaminhamento profissional e orientativo. A equipe da abordagem social dialoga com moradores de rua e convence boa parte das pessoas a receberem a ajuda do Governo. 

“A gente tenta ao máximo retirá-los das ruas. Muitas vezes conseguimos retirar da marquise, do comércio, mas não podemos obrigá-los. Não podemos pegar à força, não temos essa prerrogativa. E na abordagem, na fala, no convencimento. Muitas vezes a gente faz ação conjunta com a Guarda Municipal. Eles vão junto para tentar tentar fazer a abordagem”, explicou Gicele.

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