2 DE ABRIL

Dia de Conscientização do Autismo: capacitismo ainda é desafio para autistas

Marconi Lima
Publicado em 02/04/2024 às 11:11
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Adriana Neves, conhecida como Dri Autista, é uma defensora da inclusão de pessoas com TEA. Ela foi diagnosticada com o transtorno aos 52 anos (Foto/Divulgação)

Nesta terça-feira (2), comemora-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data dedicada a sensibilizar a sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA é caracterizado, entre outras manifestações, por dificuldades na interação social e presença de comportamentos repetitivos, apresentando diferentes graus, classificados de leve a grave.

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 e é celebrado anualmente em 2 de abril. Trata-se de uma ocasião importante, pois muitas pessoas ainda não compreendem totalmente o TEA, tornando essencial a disseminação de informações precisas sobre o assunto. Entender melhor esse transtorno é fundamental para combater o preconceito e a discriminação enfrentados pelas pessoas com TEA, que simplesmente têm uma forma diferente de interagir e perceber o mundo.

Em Uberaba, a servidora pública Adriana Neves, conhecida como Dri Autista, é uma defensora da inclusão de pessoas com TEA. Ela foi diagnosticada com o transtorno aos 52 anos, no grau um. Na mesma idade, a atriz Letícia Sabatella também recebeu o diagnóstico de TEA depois que sua filha foi identificada com o transtorno.

Dri também menciona a deputada estadual por São Paulo, Andrea Werner (PSB), que recebeu o diagnóstico aos 47 anos.

"Eu fui adotada. Cheguei à casa dos meus pais com 10 dias de vida. Desde criança, eu tinha um comportamento diferente das outras crianças, mas naquela época não havia conhecimento sobre o TEA. Meus pais me levavam a festas e eu chorava muito, ficava agitada, porque o barulho e os balões me incomodavam. Eu era hiperativa. Quando completei 13 anos, meus pais me levaram ao médico, que me receitou medicamentos para me acalmar", relatou.

Dri conta que tem três filhos, todos adotados. Duas meninas, uma adotada aos 15 anos e outra aos 16 anos, agora com 21 e 19 anos, respectivamente. A adoção também é uma causa que ela defende. A servidora pública também adotou um menino, que tinha um ano e três meses na época e agora tem 15 anos. "Ele também foi diagnosticado com TEA, em um grau mais elevado. Ele tem habilidades artísticas", disse Dri.

Sobre a vida dos autistas na sociedade, ela relata que não é fácil. Além do preconceito, as pessoas diagnosticadas com TEA enfrentam constantemente o capacitismo.

Atualmente, ela trabalha na rede municipal de ensino, com crianças com dificuldades de aprendizado. E é através dessa atividade que Dri também luta pela inclusão de pessoas com deficiência (PCD) e TEA na educação. "Mas precisamos lembrar que essa inclusão não deve ocorrer apenas na educação, mas em todos os setores da sociedade. E hoje, temos o Parecer 50, pouco discutido em Uberaba, que pode ajudar nesse trabalho de inserção", ressaltou.

O Parecer 50, do Ministério da Educação, estabelece um "sistema inclusivo e sustentável, com um rico arcabouço legal garantidor, para que as escolas brasileiras recebam e se preparem cada vez mais para acolher de forma crescente e qualificada as pessoas com deficiência (PCD), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação, em seus sistemas e instituições públicas e privadas, em salas de aula comuns".

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, uma em cada 160 crianças possui TEA. Também é observado um aumento nos casos em todo o mundo, o que pode ser atribuído ao aumento da conscientização sobre o tema e à busca mais frequente pelo diagnóstico.

Portanto, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é fundamental não apenas para aumentar a conscientização, mas também para possibilitar o diagnóstico precoce e o acesso a terapias que podem ser cruciais para o desenvolvimento das pessoas com TEA.

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