Em Uberaba, doze escolas estavam na lista de unidades com possibilidade de adesão ao programa (Foto/Reprodução)
O governo de Minas Gerais suspendeu no domingo (13) o processo de consulta às comunidades escolares sobre a adesão ao Programa de Escolas Cívico-Militares. A justificativa, segundo a Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), é o início do recesso escolar, que dificultaria a participação plena das famílias nas assembleias. Em coletiva nessa segunda-feira (14), o governador Romeu Zema (Novo) e o secretário de Educação, Igor Alvarenga, defenderam o modelo e reforçaram que o processo será retomado após as férias.
“Não tem nenhuma correlação com o pedido do sindicato. Ela atende ao período de recesso escolar e, também, é um período que nós vemos como importante, porque agora nossas escolas começam a esvaziar devido ao recesso. Então, é importante dar esse prazo para as famílias descansarem, viajarem e depois retomarem com todo o gás, para a gente poder fazer a discussão mais democrática e transparente possível”, explicou Alvarenga. Segundo ele, 15% das 700 escolas mineiras já realizaram assembleias.
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Em Uberaba, doze escolas estavam na lista de unidades com possibilidade de adesão ao programa: Escola Estadual Carmelita Carvalho Garcia, Escola Estadual Francisco Cândido Xavier, Escola Estadual Horizonta Lemos, Escola Estadual Frei Leopoldo, Escola Estadual Irmão Afonso, Escola Estadual Aurélio Luiz da Costa, Escola Estadual Professor Chaves, Escola Estadual Minas Gerais, Escola Estadual Corina de Oliveira, Escola Estadual Felício de Paiva, Escola Estadual América e Escola Estadual Presidente João Pinheiro. Dessas, duas já se posicionaram: a E. E. Professor Chaves rejeitou o modelo, enquanto a E. E. Presidente João Pinheiro aprovou.
“O processo acontece através de cédulas de votação. O diretor da escola disponibiliza e as pessoas têm todo o direito de irem e votarem a favor ou contra. Sempre há uma discussão dentro da comunidade, por meio da assembleia, para mostrar os prós e os contras, podendo todos dizerem o que querem dizer e, ao final, a comunidade escolher o melhor formato para ela”, afirmou o secretário. Ele também disse que dados preliminares indicam melhoria do clima escolar e redução da evasão nas escolas que já adotaram o modelo.
Romeu Zema reforçou o apoio à proposta e defendeu que o programa representa uma opção válida dentro da rede estadual. “Queremos dar oportunidade aos pais — e são muitos que têm nos cobrado —, aos alunos, para que tenham essa opção. Se, com o tempo, esse tipo de escola provar que é melhor, com certeza vai crescer gradualmente ao longo dos anos. A escola convencional vai continuar sendo a maioria, mas se 10, 20 ou 30% da população quiser essa alternativa, vamos oferecer”, declarou.
O governador também fez referência a modelos internacionais. “Estive no Japão recentemente. Lá, os alunos vão à escola com tênis igual, meia igual, bermuda igual, camiseta igual, boné igual e mochila igual. Não estou dizendo que vamos fazer isso aqui. Mas, se comparar a educação do Japão com a do Brasil, é mais de sete a um. Fica muito claro que esse tipo de sinalização, de disciplina, de comprometimento, faz diferença”. Segundo Zema, a suspensão temporária visa garantir o debate com o “maior critério e cuidado possível”.