CIDADE

Espera por leitos nos hospitais de Uberaba é de no mínimo 48 horas

Frequentemente a redação do Jornal da Manhã recebe ligações de famílias com dificuldades para conseguir internação em hospitais

Marília Cândido
Publicado em 05/06/2011 às 14:07Atualizado em 19/12/2022 às 23:57
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Frequentemente a redação do Jornal da Manhã recebe ligações de famílias com dificuldades para conseguir internação em hospitais da cidade. Na última semana, Valdivino Sebastião Feliz, 78 anos, chegou à UPA Abadia sábado, às 3h30. Ele estava com hemorragia intestinal, dores no peito e cabeça. Para agravar a situação, a filha Gislei Félix afirma que ele já apresentava a saúde frágil. “Ele havia sido internado aqui na semana retrasada com problema no coração. Estava com o coração inchado e já fez um monte de pontes de safena.” O leito para cirurgia geral no Hospital de Clínicas saiu na quarta-feira, às 11h, mais de 100 horas depois. “Meu pai piorou, aí levaram para o Hospital Escola, e eles tiveram que internar assim mesmo.”

De acordo com dados da Gerência Regional de Saúde, diariamente são feitos 200 encaminhamentos deste tipo, e a média de espera é de 48 horas ou mais. Atualmente, o município possui 494 leitos, distribuídos em seis e hospitais. O Hospital de Clínicas da UFTM concentra 40% dessas vagas, com 296 leitos. No entanto, a demanda não é distribuída nessa mesma proporção, pois 90% dos pedidos são dirigidos ao HC, o único na região que atende casos de alta complexidade.

A diretora das Unidades de Pronto-Socorro, Geisa Perez Medina Gomide, afirma que o hospital está sempre lotado, o que os obriga a aceitar pacientes a mais. “Sempre aceitamos mais que isso, a gente aceita pacientes incluindo as macas do corredor.”

O direcionamento é feito por meio da Central de Regulação de Leitos. O coordenador deste setor na Gerência Regional de Saúde, José Natal França, explica que o processo é feito com base no Sistema SUS Fácil, um software de regulação assistencial feito para agilizar a troca de informações entre as unidades que prestam serviços de saúde. “O usuário dá entrada em uma unidade de saúde em Uberaba ou fora. Se o médico chega à conclusão que é necessária uma internação hospitalar, ele faz a solicitação e o operador coloca no Sistema SUS Fácil.” Uma vez no sistema, as informações chegam à Central de Regulação, e, segundo o coordenador, um médico de plantão analisa o pedido. Se ele entender que o paciente realmente precisa de internação, é feito o encaminhamento de acordo com a disponibilidade e a categoria de atendimento que a instituição oferece.

Na outra ponta, quando essas informações chegam ao hospital, Geisa afirma que os pacientes são recebidos conforme a clínica a que se destinam. Cada uma tem um número específico de vagas, mas, como a demanda nem sempre corresponde à quantidade disponível nas especialidades, é preciso um remanejamento. “Às vezes os clínicos estão com muitos pacientes, mas os cirurgiões não estão, então eles vão ter que aceitar da outra área. Depende de onde tem a vaga.” Outro fator a entrar no cálculo é a complexidade do caso. “Depende da gravidade também, não adianta ter um caso grave de cirurgia e não poder fazer. Às vezes um médico da UPA reclama que nós aceitamos um caso de problema cardíaco mais simples do que outro grave. Só que esse mais simples eu posso pôr na maca no corredor. Eu não posso aceitar um paciente que estão pedindo vaga de CTI se não tem, isso é irresponsabilidade.”

Outra situação que contribui para a redução na oferta de leito são os casos mais simples que vêm de outras cidades. “Há cidades da região que não atendem nem média complexidade, e as UPAs não têm que prestar esse atendimento a quem é de fora. Muitos são atendidos no pronto-socorro e já são liberados. Esse caso que a gente queria diminuir. Aquele que não precisa vir, um problema que poderia ser resolvido na sua origem.” Ao todo são 27 municípios da região que compartilham o serviço, o equivalente a 600 mil pessoas.  A média de internações no local é de 800 pessoas por mês.

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