AVANÇO CIENTÍFICO

Estudo do HC-UFTM aponta risco de transmissão da leishmaniose na transfusão de sangue

Publicado em 22/05/2023 às 14:31Atualizado em 22/05/2023 às 14:54
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Pesquisa científica (Foto/Divulgação)

Pesquisadores vinculados ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) divulgaram os resultados de uma pesquisa que analisou o risco da transmissão da leishmaniose visceral por meio de transfusão sanguínea. O artigo foi publicado em março na revista Transfusion e reforçou a importância da técnica de leucorredução (redução dos glóbulos brancos) para diminuir os riscos de contaminação. 

“Observamos que a leishmaniose visceral é um problema muito sério no Brasil, e que quase 90% dos indivíduos são assintomáticos e carregam o protozoário por várias décadas no organismo, por isso começamos a questionar se a leishmaniose poderia ser transmitida por transfusão sanguínea”, explica Hélio Moraes de Souza, professor da UFTM e coordenador do estudo. 

Pesquisa científica (Foto/Divulgação)

Participaram da pesquisa 458 indivíduos, recrutados no norte de Minas Gerais, no Piauí e no Ceará, contando com a colaboração da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas), do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi) e do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). 

Foram divididos três grupos de amostragem com indivíduos que possuíam o mesmo perfil epidemiológico, sendo que um deles recebeu a transfusão de hemocomponentes leucorreduzidos, outro grupo recebeu a transfusão de hemocomponentes não leucorreduzidos e um terceiro com indivíduos que não foram transfundidos. Os resultados demonstraram que o grupo não submetido à leucorredução apresentou risco cinco vezes maior de contrair a doença por meio de transfusão sanguínea. 

O professor Hélio Moraes de Souza destaca, ainda, que os dados do estudo podem servir de base para a implantação da metodologia da leucorredução universal nos serviços de hemoterapia do país. “Isso aumenta a proteção contra a doença, uma vez que, diferente da Doença de Chagas, HIV ou hepatites, não existe um teste sorológico sensível para evitar a transmissão da leishmaniose visceral por meio transfusional”, completa o pesquisador. 

Para a biomédica Loren Queli Pereira, doutoranda em Medicina Tropical e Infectologia na UFTM, participar do projeto de pesquisa foi e ainda é um desafio. “Sem dúvidas é uma grande responsabilidade, tendo em vista a magnitude de sua importância para o país, a qual enxergo como uma importante questão de saúde pública”, afirma. Ela atua nessa linha de pesquisa junto com o professor Hélio Moraes desde 2016, quando iniciou seu mestrado. 

Sarah Tanaka, que é biomédica e doutora em Ciências da Saúde, participou do projeto quando realizava o estágio de pós-doutorado. “Tive a chance de trabalhar com uma equipe dedicada, onde o compartilhamento de conhecimentos me proporcionou uma visão mais abrangente sobre o tema, além de ter a oportunidade de ampliar meus conhecimentos sobre diferentes abordagens científicas, o que contribuiu muito com a minha qualificação profissional”, relata. 

Os autores do artigo são membros do Laboratório de Pesquisa em Hematologia da UFTM, do Laboratório de Imunologia da UFTM e do departamento de Enfermagem da UFTM. O estudo foi financiado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O grupo de estudiosos já havia publicado, em 2018, artigo que sugeria a possibilidade de transmissão de leishmaniose visceral via transfusão sanguínea. 

Leishmaniose visceral 

A leishmaniose visceral é uma doença tropical disseminada na Europa, Ásia, África e América, cujos sintomas são febre intermitente que dura semanas, fraqueza, perda de apetite, perda de peso, anemia e aumento do fígado e baço, que se manifestam entre dois e oito meses após a infecção. No Brasil, está presente nas cinco regiões do país, com alta prevalência nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, sendo transmitida, principalmente, pela picada do mosquito-palha. Segundo dados do Ministério da Saúde, anualmente são registrados, em média, 3.500 casos da forma aguda da doença no Brasil. 

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