No último mês, de 21.704 pacientes agendados para consultas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Uberaba, 3.725 faltaram na data marcada. Essa taxa é de 17,16% e representa, para a Atenção Primária, um sinal de alerta sobre as estratégias utilizadas no acolhimento de pacientes.
Em entrevista à Rádio JM, a chefe do Departamento de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Aline Tristão, explicou que, para tentar solucionar o problema, são feitas visitas e ligações aos pacientes marcados, mas sem a eficiência necessária. O panorama é visto tanto nas consultas usuais, abertas, quanto na Estratégia de Saúde da Família (ESF).
“O paciente passa pela triagem, atendimento, mas no dia da consulta ele não comparece à unidade. E temos as faltas desses atendimentos programados. Se a população não procurar a UBS no momento de queixa leve, que cabe consulta agendada, a situação pode agravar, e corre o risco de evoluir para crise aguda. Em abril, nós tivemos, dentro da Atenção Básica, 21.704 atendimentos e 3.725 faltaram à consulta. Pessoas dentro da abrangência local da UBS, que fica fácil de ir. Elas [as pessoas] confirmaram a consulta, sabiam da data e horário e não compareceram”, expõe a chefe da AB.
Quando são contactados, os pacientes justificam problemas rotineiros, como compromissos com o trabalho ou com a família, o que também liga o alerta da pasta sobre a maneira de conduzir os agendamentos. Dentro da ESF, há a presença de agentes comunitários que realizam visita nas casas dos faltosos, mas a quantidade é alta e a ação acaba sendo menos viável do que a própria organização do cidadão, pondera Aline.
“Muitas vezes as pessoas esquecem, mesmo a equipe ligando. Ou tem outros compromissos. Esse ‘depois vou aí e marco novamente’ não funciona, eles não voltam. E é também um momento de a gente trazer a população para a responsabilidade. Se está com consulta agendada, programada, para que compareça. Temos essa questão também nas especialidades, quando a fila eletrônica liga para as pessoas, elas confirmam, mas não comparecem”, diz Aline Tristão.
Questionada sobre a possível morosidade do sistema público de saúde, a ponto de fazer as pessoas procurarem serviços particulares, a chefe da Atenção Básica responde que foi feita uma mudança significativa na maneira de atender e marcar consultas, mas mesmo assim não foi possível diminuir a porcentagem de faltosos. “A gente faz essa programação da consulta para que a pessoa saia da unidade com uma data. A gente teve uma passagem difícil quando o paciente buscava atendimento na UBS e saia sem uma resposta. Hoje ele sai com uma resposta. Ele sabe a data e o horário da consulta dele, em demandas que não têm urgência, verificadas após a triagem”, finaliza.