MEDO

Furtos recorrentes: Trabalhadores denunciam rotina de insegurança na Rodoviária de Uberaba

Dandara Aveiro
Publicado em 17/04/2025 às 15:29Atualizado em 17/04/2025 às 15:47
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Vidro quebrado no guichê da viação Platina (Foto/Marcos Machado)

Trabalhadores de empresas que operam no Terminal Rodoviário Jurandyr Cordeiro, em Uberaba, expõem um cenário de insegurança, abandono e desrespeito com usuários e funcionários do transporte público terrestre. Segundo os relatos, feitos ao Jornal da Manhã, os casos de roubos e ameaças se tornaram rotina, e a sensação de medo já faz parte do expediente de quem trabalha no terminal. 

Na madrugada desta quarta-feira (16), uma tentativa de roubo no guichê da viação Platina foi registrada, mas a ação não chegou a se concretizar. Já a Expresso União não teve a mesma sorte quando, na semana anterior, um suspeito conseguiu invadir o guichê da empresa e levou cerca de R$1.200,00 em espécie. Somam-se a esses casos os episódios recorrentes de furtos, golpes e até flagrantes de tráfico e usuários de drogas no local.  

“Hoje nós sentimos uma insegurança total na rodoviária. Além disso, os consumidores não têm nenhum tipo de benefício. Até o banheiro é pago e sempre está sujo. As pessoas estão migrando para o posto Graal, porque lá se sentem mais seguras do que aqui”, desabafa um funcionário de uma das viações, que preferiu não se identificar. 

Embora exista um posto avançado da Guarda Civil Municipal (GCM) no local, ele não funciona à noite, período apontado como o mais crítico por trabalhadores das viações. Por isso, há uma cobrança para que o espaço conte com vigilância 24 horas. “Os guichês são virados para a rua, então se tivessem seguranças ali, em escala 12/36, um no piso de cima e outro embaixo, se comunicando, não precisava de muito mais. Só da presença de vigias, mesmo não armados, já evitaria pelo menos 90% dos crimes”, disse o trabalhador da companhia de ônibus. 

Suspeito conseguiu invadir o guichê da empresa e levou cerca de R$1.200,00 em espécie (Foto/Reprodução)

Impacto no turismo da cidade 

A situação preocupa não só pelos transtornos a trabalhadores e usuários, mas também pelo impacto na imagem da cidade. Reconhecida como o primeiro Geoparque da Unesco no Sudeste do país e, mais recentemente, como Município Turístico no novo Mapa do Turismo Brasileiro, o Executivo vem intensificando os investimos no turismo local. Nessa perspectiva, a rodoviária seria importante porta de entrada para visitantes, mas aparenta não ter a devida atenção. 

“O que me espanta é ver que Uberaba tem investido em operação turística, mas deixa a rodoviária nesse estado. O transporte terrestre é o mais acessível para os visitantes, e, por estar na divisa com o estado São Paulo, muita gente chega aqui de ônibus. Deveríamos ser modelo nesse tipo de transporte, que oferece regularidade, segurança e pontualidade. Isso afeta a cidade toda, inclusive na arrecadação de impostos, já que as taxas de embarque ali despencaram”, pontuou o funcionário. 

Sobre o recolhimento de impostos, o denunciante afirma ser mais um ponto que escancara a desigualdade enfrentada por quem atua de forma legal no terminal. “Pagamos o que a legislação exige e estamos desassistidos de segurança. Esse tipo de abandono só fortalece o transporte clandestino, que muitas vezes recolhe apenas o Imposto Sobre Serviço (ISS). Já nós, que somos empresas regulares, arcamos com uma infinidade de tributos, inclusive o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de Minas Gerais, além de cinco seguros obrigatórios para garantir a segurança dos usuários. É uma concorrência injusta”, finalizou. 

O JM procurou a Prefeitura de Uberaba e a Ubercon, empresa responsável pela administração do Terminal Rodoviário, mas até o fechamento desta edição não obteve posicionamento. O espaço segue aberto para manifestações. 

Histórico que se repete 

A denúncia de falta de segurança dos guichês não são casos isolados. Nos últimos dias, o Jornal da Manhã noticiou o caso de um idoso vítima de golpe ao tentar sacar dinheiro em um caixa eletrônico dentro da rodoviária. O suspeito, já conhecido da polícia, se aproveitou da vulnerabilidade da vítima e fugiu com parte do valor.  

Também são recorrentes as reclamações envolvendo usuários de drogas e traficantes. Um exemplo recente foi a prisão de um casal por tráfico nas imediações do terminal. Apesar da detenção, eles foram liberados pela Justiça apenas dois dias depois e, segundo relatos de empresários da região, já voltaram a causar novos tumultos na rodoviária.

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