Após perceber os reflexos da desunião, a classe política se une em torno de um sonho de praticamente todos os uberabenses: o gasoduto. O empreendimento pode ser a virada de chave para a industrialização e desenvolvimento no município, o que explica a insistentes tentativas das lideranças locais para consolidar o projeto há mais de 10 anos.
Tratativas do gasoduto envolveram diversos agentes políticos (Divulgação)
Ao Jornal da Manhã, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação explica que foi criada uma coalizão envolvendo a iniciativa privada, o Governo Municipal, o Governo Estadual, Governo Federal e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) para a viabilização dos investimentos, não só do gasoduto, como outros expoentes da gestão, como termoelétrica, biodiesel e metanol.
Na última semana, a prefeita Elisa Araújo (Solidariedade) voltou a se reunir com o ex-prefeito e ex-ministro Anderson Adauto para debater o andamento das tratativas para viabilizar a implantação do projeto de gás na cidade. Foi criado um grupo de trabalho local para o acompanhamento do projeto. “Com o gás, iremos ganhar ainda mais autonomia e atrair investimentos para a cidade, gerando renda para o Município”, reforçou a chefe do Executivo. Rui Ramos também destacou a importância da reunião e da soma de empenhos.
Elisa Araújo e Anderson Adauto (Divulgação)
Com o nome de Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima, o grupo está focado em discutir o preço para viabilizar projetos industriais; a disponibilidade do energético; e a expansão da malha de gasodutos.
Em recente entrevista ao Jornal da Manhã, o ex-prefeito Anderson Adauto, integrante da coalizão, destacou que as recentes mudanças no cenário político e econômico reacenderam o debate sobre a construção de um gasoduto para abastecer o Triângulo Mineiro. Ele enfatiza a dependência do Brasil em relação à importação de amônia e ureia para a produção de fertilizantes, ressaltando os riscos dessa situação para o agronegócio nacional.
Ainda de acordo com Adauto, a instalação de uma fábrica de amônia em Uberaba está em discussão e está relacionada à implantação do gasoduto, uma vez que o gás é matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados. Ele acredita que as chances de concretizar o gasoduto e a fábrica de amônia são reais, pois o governo federal está consciente da necessidade de reduzir a dependência de importação de fertilizantes para apoiar a agricultura brasileira.
Um dos passos para a viabilização do projeto passa pela BSBIOS. Representantes da empresa estiveram em Uberaba para sondagem técnica no mês passado e se reuniram com equipe técnica do governo municipal e também verificaram in loco áreas para eventual instalação de uma fábrica no Distrito Industrial 3. O projeto da fábrica de biocombustíveis é considerado um dos investimentos âncora para viabilizar o gasoduto até o Triângulo Mineiro, ao lado de uma usina termoelétrica e da planta de amônia. A BSBIOS é uma das empresas que manifestaram interesse em se instalar em Uberaba devido à futura oferta de gás e deu início às tratativas para a possível assinatura de protocolo de intenções com o Governo de Minas.
Mas por que o gás é importante? A introdução de gás natural pode, por exemplo, diminuir o custo operacional na indústria com manutenção de máquinas, transporte e armazenamento de combustível. Além disso, por ser utilizado como combustível para fornecimento de calor, o gás natural é matéria-prima para o setor químico, plástico, farmacêutico, têxtil, metalúrgico, cerâmico, entre outros.
Para entender a história do Gasoduto
O Gasoduto do Brasil Central foi originalmente concebido no final da década de 1990 como uma extensão do Gasbol, projetado para transportar gás natural boliviano importado do pólo em São Carlos para Brasília.
A TGBC, empresa responsável pelo projeto, começou a buscar licenças para o gasoduto em 2008 e o órgão ambiental brasileiro IBAMA emitiu uma licença ambiental para o projeto em 2013. A proposta original previa um gasoduto com 14 polegadas de diâmetro e capacidade para transportar 3,75 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.
O projeto inicial da TGBC previa a implantação de 905 quilômetros de duto a partir da Estação de Compressão de São Carlos (SP) até o ponto de entrega do Recanto das Emas (DF), passando por 37 municípios para interligar a região Sudeste e Centro-Oeste. Na proposta, está especificada a construção de sete pontos de entrega do gás, entre eles nas cidades de Uberaba e Uberlândia.
Porém, um relatório do Ministério de Minas e Energia apresentado em outubro de 2019 revelou mudanças nas especificações do gasoduto. O documento aponta que o comprimento do ramal poderia ser encurtado de 905 km para 893 km, movendo o terminal norte de Recanto das Emas para Ceilândia. Além disso, haveria um aumento do diâmetro do duto para expandir a capacidade de 3,75 para 7,4 milhões de metros cúbicos por dia.
O minidistrito no bairro Alfredo Freire, em Uberaba, tem previsão de inauguração para o próximo ano, devido ao prazo de 15 meses estabelecido no processo licitatório concluído recentemente. Entre as cinco empresas concorrentes, o Consórcio CP, composto por duas construtoras de Belo Horizonte, foi selecionado devido à oferta do menor preço para executar o serviço.
O minidistrito do Alfredo Freire contará com 77 lotes (Divulgação)
O consórcio, formado pela Construtora Corte e pela Poros Construtora, será responsável pela implantação do loteamento do minidistrito, com um valor contratado de R$4.374.678,40, cerca de 8% abaixo do valor estimado inicialmente. Composto por 77 lotes, o minidistrito do Alfredo Freire despertou o interesse de aproximadamente 30 empresas de pequeno e médio porte, aguardando o lançamento do projeto.
Além dos lotes de 500 metros quadrados, o local contará com infraestrutura completa, incluindo campo de futebol, academia ao ar livre, área verde, além de água, esgoto, asfalto e acessibilidade. Os recursos para a implantação do novo minidistrito estão garantidos por meio de um financiamento firmado pelo município junto ao BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais).