INTERCORRÊNCIA

HC aponta divergência de protocolo com Samu na transferência de menino

Luiz Henrique Cruvinel
Publicado em 03/05/2023 às 13:03Atualizado em 03/05/2023 às 17:05
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Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta quarta-feira (3), o Hospital da Criança alegou que houve divergência de protocolos entre a unidade e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no caso que resultou na morte do adolescente de 13 anos, no sábado (29). O Samu teria requisitado a intubação do paciente para depois realizar a transferência, visto que a Unidade de Suporte Avançado (USA) estava em atendimento, e o hospital afirmou que não seria esse o protocolo a ser seguido em um quadro asmático grave, como o do garoto, o que exigia atendimento de alta complexidade urgente.

A reportagem do Jornal da Manhã esteve na coletiva e questionou a direção do Hospital da Criança sobre as ações tomadas após a piora do quadro do adolescente. Em resposta, a direção afirmou que realizou os protocolos de quadro asmático grave, mas, por ser uma situação de alta complexidade, devido à queda acentuada da saturação do sangue, ele precisava ser transferido para o Hospital de Clínicas da UFTM, credenciado para esse tipo de socorro.

Por isso, foi solicitada a transferência como Vaga Zero, ou seja, o acesso imediato aos pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso, ao HC-UFTM, que prontamente aceitou e respondeu à demanda. Assim como informado pela Prefeitura de Uberaba, a Regulação Municipal também confirmou a transferência de imediato.

No entanto, o socorro deveria ter sido feito por uma Unidade de Saúde Avançada (USA), mas a única em Uberaba estava atendendo a outras duas ocorrências, uma de um idoso desacordado e, depois, um acidente de moto com o condutor ferido. Desta forma, a gerência do Samu teria orientado o Hospital da Criança sobre como proceder com o tratamento do garoto até que a USA pudesse ser deslocada para transferência.

Conforme apresentou a direção do Hospital na coletiva desta quarta-feira (3), o Samu orientou e insistiu apenas na intubação, mas o protocolo estabelecido pela unidade não previa o procedimento, porque poderia resultar em uma piora drástica e imediata do quadro médico. Neste momento, teria sido sugerido ao Samu que enviasse uma das unidades de atendimento básica, e que uma médica que acompanhava o garoto acompanhasse o paciente até o HC-UFTM. O que não foi feito.

Então o corpo médico do Hospital da Criança continuou com o atendimento no local, com uso de todos os equipamentos, sem quaisquer avarias, para tentar conter o avanço do quadro do paciente. Porém, por se tratar de um atendimento de alta complexidade, o suporte adequado só seria possível ser feito no Hospital de Clínicas.

A reportagem também questionou se seria possível usar outra ambulância, além das do Samu, para a transferência do adolescente. A direção respondeu que qualquer outra viatura, sem ser a do Samu, seria barrada na porta do HC-UFTM. O JM busca mais informações junto ao Hospital de Clínicas sobre o protocolo a ser adotado nestes casos. A matéria será atualizada.

Neste intervalo de tempo entre o pedido de transferência e a liberação da USA pelo Samu, o garoto morreu.

A reportagem do Jornal da Manhã esteve na porta do centro do Samu, na parte de trás da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A assessoria de comunicação afirmou que não responderá às alegações feitas pelo Hospital da Criança na coletiva em respeito à família do paciente, que não precisa acompanhar esse jogo de “vai e vem”. Desta forma, a SMS mantém o posicionamento divulgado no sábado (29), e informa que todos os documentos e gravações do dia do ocorrido estão com a Polícia Civil e na sindicância formada pela Secretaria.

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