Segundo Danielle Maciel, já há o registro de casos de chikungunya não só em Uberaba como também na região
Além da dengue, o mosquito Aedes aegypti também é o vetor de transmissão de outras doenças: chikungunya, zika e febre amarela. Apesar de os índices de dengue movimentarem mais as políticas públicas de combate ao vetor, o crescimento da infestação de chikungunya tem alertado as autoridades. Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), até o dia 18 de janeiro havia três óbitos em investigação por chikungunya.
Em entrevista ao Pingo do J, da Rádio JM, a infectologista Danielle Maciel alerta eu Uberaba já tem registro de casos de chikungunya em 2024. “A gente vê que as doenças infecciosas vão avançando, teve um número muito alto de chukungunya em Frutal, depois veio aparecendo em Conceição (das Alagoas), em Uberaba, e uma vez que a doença infecciosa se instala em um lugar, a gente dificilmente contém ela”, alerta a especialista.
O boletim epidemiológico mais recente emitido pela SES-MG é do dia 15 de janeiro e aponta 1.726 casos prováveis de chikungunya em Minas Gerais, sendo 1.223 confirmados. Por ele ainda não há a identificação de nenhum caso em Uberaba. Para fins de comparação, o estado fechou 2022 com 13.132 casos de chikungunya. Contudo, o ano seguinte (2023), foram registrados 99.474 casos de dengue, segundo a SES-MG.
A chikungunya apresenta como sintoma mais característico as dores nas articulações. Inclusive, o significado da palavra chikungunya é “aquele que se curva”, devido ao fato de as pessoas infectadas se dobrarem por causa da dor. Danielle Maciel explica que pessoas com a doença também apresentam febre alta e prolongada, podendo chegar a até sete dias, sendo muitas vezes mais alta que a provocada pela dengue.
Apesar de ter alguns sintomas semelhantes, a médica esclarece que a chikungunya “diferencia bem da dengue pelas dores articulares, que são mais intensas, e dá edema. A dengue em si não dá edema nas articulações. (Na chikungunya) incha o tornozelo, incha o joelho, e normalmente é bilateral, vão inchar os dois joelhos, os dois tornozelos, os dois pés”, explica.
Quando a chikungunya se instalou no Brasil, de acordo com a infectologista, acreditou-se que a taxa de mortalidade da doença seria inferior à da dengue, no entanto, essa taxa tem se mostrado muito próximas entre as duas doenças, especialmente em pessoas nos extremos de idades, que seriam menores de dois e acima de 65 anos, e com comorbidades. Estas comorbidades se aplicam não somente à chikungunya, mas a doenças infecciosas de forma geral, e são o diabetes, cardiopatias, doenças renais, pessoas que fazem uso de quimioterapia, com imunossupressão em uso de corticoides por período prolongado e portadores do vírus do HIV com CD4 abaixo de 250 células.
Prevenção
Ainda não existe vacina para a chikungunya. Portanto, a melhor forma de prevenir a doença ainda é o combate ao mosquito transmissor, Aedes aegypti, que bota seus ovos e tem seu estágio larval em água limpa e parada.
Danielle Maciel explica que o pico em que ocorrem mais casos de contaminação por doenças transmitidas pelo mosquito é o mês de março. Em 2023, metade dos casos de contaminação em Uberaba ocorreram neste mês. Portanto, agora é a época para a população se preparar e eliminar os focos do mosquito, pois se estes não forem extinguidos, pode haver uma contaminação sem precedentes de dengue e chikungunya, não somente em Uberaba, mas em todo o país. O uso de inseticidas e repelentes também é recomendado.