CADÊ O AMBULATÓRIO?

Pós-operatório ainda desafia avanço dos mutirões de castração para animais de rua

Grande crítica feita aos mutirões promovidos pela Prefeitura de Uberaba é que eles atingem apenas os animais domesticados, diante da necessidade de identificação do tutor, sendo que os animais errantes são os mais necessitados para o manejo eficaz da população errante

Juliana Corrêa
Publicado em 22/01/2024 às 06:23
Compartilhar

Mutirão de Castração Animal, em Uberaba (Foto/Divulgação PMU)

A quantidade de animais errantes em Uberaba é grande e preocupa população e autoridades. Uma das formas de evitar que o número de cães e gatos nas ruas aumente é por meio da castração. Apesar do avanço nos mutirões, tanto da Prefeitura quanto de organizações não governamentais (ONGs), o pós-operatório desses animais ainda é desafio intransponível atualmente.  

Em entrevista ao JM News 1, da Rádio JM, o veterinário Cláudio Yudi afirmou que o manejo populacional de cães e gatos de rua vêm sendo feito de forma gradativa em Uberaba, mas um entrave é o cuidado como animal após a cirurgia. Isso porque os animais que passam pela castração municipal precisam estar acompanhados por uma pessoa que se responsabilize pelos cuidados pós-operatórios, como limpeza do local operado e ministrar medicação, o que nem sempre é possível com os animais errantes. 

Algumas protetoras, de forma particular e muitas vezes sem qualquer apoio do governo municipal, se responsabilizam por alguns desses animais. Mas vale lembrar que tantos outros são um desafio à parte, por serem mais ariscos, o que colocaria em risco a integridade da protetora desacompanhada por profissional qualificado para pegar esse animal. 

“Não tem um canil municipal para manter estes animais. Isso tem que ser estudado, na gestão (do município). Agora, se é possível fazer isso e quem pode fazer isso? Uma sugestão é parcerias, com ONGs ou protetores independentes”, sugere o veterinário Cláudio Yudi. 

O próprio Hospital Veterinário da Uniube, entidade parceira da Prefeitura de Uberaba para a causa animal, foi apontado anteriormente como possível abrigo para esses animais no pós-operatório, para que as castrações possam atingir a parcela da população mais precisada do procedimento, que são os animais errantes. Mas Yudi descarta essa possibilidade, afirmando que a instituição não dispõe de espaço suficiente para esse manejo populacional, por enquanto.  

Outra opção para esse pós-operatório pode ser o ambulatório municipal, que ainda está em estudo na Prefeitura. Aguardado há três anos, o espaço deve desafogar os atendimentos, inclusive emergenciais, dos animais de Uberaba. O projeto inicial conta com a proposta de procedimentos ambulatoriais e de castração cirúrgica, com salas de pré e pós-operatório, além de leitos de observação. O local também contaria com baias para receber animais com suspeitas de contaminação ou doenças contagiosas, além da revitalização das áreas já existentes.   

Uma das principais críticas aos mutirões de castração é que a identificação do tutor privilegia os animais domesticados, em detrimento os errantes. Ainda à Rádio JM, Yudi lembra que a principal causa de animais nas ruas é o abandono. “Só que, mesmo na periferia, vão ser cães de pessoas particulares, mas já é ótimo. Porque, novamente, cães de rua aparecem porque as pessoas abandonam esses cães, eles têm crias indesejadas e, quando esses filhotes crescem, são jogados na rua”, destaca Cláudio Yudi. 

Mesmo com os mutirões de castração, não se espera que a questão dos animais nas ruas seja resolvida a curto prazo. O veterinário estima que, se o manejo populacional dos animais errantes for feito de forma correta e contínua, a questão seja solucionada entre cinco e dez anos. “E o mais importante: começou a castração (em massa), não pode parar. Porque senão volta toda aquela população de cães e gatos”, finaliza. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por