Entre os países mais afetados por conta da crise financeira que atingiu o mercado mundial, o Japão viu o número de imigrantes brasileiros diminuir 17,2% desde setembro, quando iniciou a crise. Segundo dados do Ministério da Justiça japonês, de lá para cá, mais de 54 mil brasileiros deixaram o país. No primeiro semestre de 2009, 13,4% de dekasseguis, verbete utilizado para designar trabalhadores temporários estrangeiros no Japão, embarcaram de volta ao Brasil. A empresária Meire Moretti Aratani está entre esses brasileiros. Ao lado do marido, ela morou por 13 anos em solo japonês, onde trabalhavam e tinham o próprio negócio – um salão de beleza que dava ênfase ao atendimento de estrangeiros, sobretudo brasileiros. Com a crise, segundo ela, todos tiveram dificuldades. Seu irmão, funcionário de uma empresa especializada na fabricação de componentes eletrônicos, ficou desempregado por seis meses e, ainda assim, permaneceu no país. Hoje, ele está novamente empregado. “Tínhamos nossa casa, carro e, apesar da movimentação ter caído, acredito que dava para continuar. Mas, levando em consideração também a família, decidimos pela volta ao Brasil”, conta. Hoje, mesmo feliz e trabalhando no seu próprio negócio, também no segmento de salões de beleza, Meire reconhece que não é fácil recomeçar do zero, já que o governo brasileiro quase não ajuda, segundo ela. “No Japão, quem vai iniciar um novo empreendimento, fica dois anos livre do pagamento de impostos. Aqui, não. Ainda assim, estamos conseguindo vencer e felizes por estarmos de volta. Meu esposo já recebeu propostas para regressar ao Japão, mas nossa intenção, no momento, é permanecer aqui”, diz.