Em pouco mais de cem anos, o cinema já produziu inúmeros filmes que têm no passado a inspiração para seus roteiros. Revolução Russa,
Em pouco mais de cem anos, o cinema já produziu inúmeros filmes que têm no passado a inspiração para seus roteiros. Revolução Russa, ascensão do Terceiro Reich, golpes de Estado e questões religiosas ilustram alguns dos temas abordados por cineastas e diretores.
Hoje e domingo que vem listarei alguns filmes e documentários que tiveram como temática principal fatos ocorridos durante a ditadura militar de 1964.
O Que é Isso Companheiro (1997, Bruno Barreto). Em 1964, um golpe militar derruba o governo democrático brasileiro e, após manifestações políticas, é promulgado, em dezembro de 1968, o AI-5, que acabou com a liberdade de imprensa e os direitos civis. Nesse período, vários estudantes abraçaram a luta armada, entrando na clandestinidade. Em 1969, militantes do MR-8 elaboraram um plano para sequestrar Charles Elbrick, o embaixador dos Estados Unidos, a fim de trocá-lo por alguns prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.
Ação Entre Amigos (1998, Beto Brant). Em 1971, Miguel, Paulo, Elói e Osvaldo participaram da luta armada contra a ditadura militar e acabaram sendo presos e torturados. Vinte e cinco anos depois, encontraram Correia, homem que os torturou por meses. Os quatro armam uma emboscada e sequestram Correia, que inicialmente nega tudo, mas, após receber de Miguel um tiro na perna, admite ser o torturador, revelando algo inimaginável: ele só os prendeu pelo simples fato de que, entre eles, existia um delator.
Zuzu Angel (2003, Sérgio Resende). Zuzu Angel travou uma luta contra tudo e todos na busca pelo seu filho Stuart, que foi preso, torturado e assassinado pelos agentes do Centro de informações da Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. Inicia-se, então, o périplo de Zuzu, denunciando as torturas e morte de seu filho.
Cabra-cega (2004, Toni Ventura). Tiago e Rosa, dois jovens militantes da luta armada, vivem o sonho do projeto revolucionário. Morando no apartamento de Pedro, um simpatizante da causa, eles vão perdendo a racionalidade, à medida que assistiam, impotentes, à prisão de seus companheiros. O pano de fundo do enredo é um Brasil amordaçado e sem liberdades democráticas.
Quase Dois Irmãos (2004, Lúcia Murat). Nos anos 70, quando o país vivia sob a ditadura militar, muitos presos políticos foram levados para a Penitenciária da Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. Da mesma forma que os políticos, assaltantes de bancos também estavam submetidos à Lei de Segurança Nacional. Ambos cumpriam pena na mesma galeria. O encontro desses dois mundos é parte importante da violência que hoje vivenciamos.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006, Cao Hamburger). Em 1970, o Brasil viveu os horrores da ditadura, mas a preocupação de Mauro, um garoto de 12 anos, tinha pouco a ver com o que acontecia no país. Seu maior sonho era o de ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma “estranha” comunidade, o Bom Retiro, bairro de São Paulo. Uma história emocionante de superação e solidariedade.
Batismo de Sangue (2007, Helvécio Raton). No fim dos anos 60, um convento de frades torna-se um local de resistência contra a ditadura militar. Os freis Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella. Por isso, ficam na mira das autoridades policiais.
Felizmente, todos os filmes anteriormente descritos podem ser facilmente encontrados pelo grande público.
(*) doutorando em História pela Unesp/Franca; professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira e da Facthus