Algumas instituições entram em nossa vida e a ela se misturam de forma indissociável. Assim é o Hospital São Domingos na minha história. Lembro-me quando ainda bem pequena do anúncio de que seria construído em minha rua, a dois quarteirões de minha casa, um grande e moderno hospital. Esse foi o nosso primeiro laç a proximidade geográfica. Depois, ainda em sua construção, nossa interface cresceu com o trabalho de meu avô, o exímio pedreiro Eduardo, que teve naquele empreendimento o último emprego “fichado” que sua saúde permitiu e onde, após quase três décadas, exalou seus últimos suspiros. Também minha mãe ganhou o seu/nosso pão durante quatorze anos de sua vida como cozinheira do São Domingos. Ali foi uma funcionária que apesar de não investida de funções ou remunerações especiais, acabou se tornando uma espécie de referência culinária não só no dia-a-dia do Hospital, mas também nas ocasiões festivas e comemorativas. Pelo que alguns expressam, ainda são lembradas as habilidades da “Tia Nena” conforme era tratada por muitos, demonstrando sua convivência especial naquele coletivo onde orgulhosamente esteve como convidada para as comemorações dos cinquenta anos. Ao escrever esse artigo, não há como não chegar à missão das Irmãs Dominicanas e, assim, acabo passando pelo Externato São José, pelo Colégio Nossa Senhora das Dores, pela extinta FISTA onde minha irmã graduou-se como professora de Matemática. Retorno também ao tempo em que algumas irmãs passaram a residir fora de suas casas religiosas e fizeram a diferença nas comunidades onde se inseriram. É difícil falar de instituições sem lembrar pessoas e, no momento, algumas Irmãs Dominicanas vêm à minha mente. Irmã Lucrécia por sua simplicidade e bondade. Irmã Anita pelo trabalho social que desenvolve. Irmã Olinda, colega de profissão, que antes de se falar em Psicologia Hospitalar em Uberaba, já a exercia com competência ética e discrição. Irmã Loretto, que completou neste mês seus noventa e dois anos com uma vivacidade e lucidez de fazer inveja a qualquer um. Com estas linhas registro aqui minha admiração e meu respeito ao trabalho das Dominicanas vivas e também por aquelas que já não vivem entre nós. Vocês marcaram a vida religiosa e educacional de Uberaba e, em meio a tantas outras coisas, criaram a estrutura do São Domingos para acolher e salvar vidas em nossa cidade.