Futebol mexe com os nervos, divide as pessoas em torcidas, e faz os ignorantes pegarem em armas para se rivalizarem com os adversários. Campo de futebol, mesmo quando não é decisão, é centro convergente de emoções; do grito às lágrimas, dos palavrões à oração, do sorriso ao resmungo. Torcedor é fiel ao seu time, embora jogadores e técnicos sejam fiéis aos seus salários, assim como os dirigentes ao lucro exorbitante.
Não há nada mais rentável do que a estrutura do futebol. Quem está envolvido ganha, exceto o torcedor, que só tem gastos e não se entrega às derrotas. O mesmo não se pode dizer de todos os times de futebol. O Avaí, por exemplo, partiu pra cima do Figueirense e arrancou um empate, mesmo estando condenado ao rebaixamento, mas não deixou o seu rival se classificar para as Libertadores. O Palmeiras avançou no Corinthians, não tinham nada a perder e queriam tirar o título do seu arquirrival. O Bahia não se envolveu em sentimentos regionais e venceu o Ceará, empurrando-o para a série B do Campeonato Brasileiro.
Todo time quer ficar na série A do campeonato brasileiro, que ocorrem nas quartas-feiras e nos domingos, enquanto que os da série B ocorrem nas terças e sábados. As estruturas de campo e de logística são diferentes entre essas séries, mas a elite do futebol brasileiro está na série A.
Nesse duelo entre os times de futebol, o Atlético Mineiro, cujo símbolo é um Galo, virou uma galinha frente ao Cruzeiro, Raposa. A raposa comeu, devorou a galinha-galo, que entregou o jogo e deve ter recebido recompensas por isso. A surra que o Galo levou da Raposa não representa o espírito de luta dos mineiros. Não coaduna com os ideais daqueles que entram em campo para torcer pelos seus times. No entanto, os jogos imitam a vida, assim como as torcidas reprisam a vida. Existem jogos aguerridos, há os acovardados, indiferentes, cruéis, assim como a vida.
Algumas torcidas são ventrículos dos gritos sociais de raiva, de aprovação, de sofrimento frente aos fatos e da alegria na vitória. A vida se mistura com as disputas. Conquanto, alguns prefiram a omissão à responsabilidade, o entreguismo à luta, a mentira à verdade, o mal entendido às conversas francas, outros não se entregam. Vão à luta, investem com coragem, jogam com lealdade, enfrentam adversidades, aplacam a fúria com temperança, não desanimam, não são atores de última hora.
O campeonato brasileiro chegou ao seu final e o Timão é penta campeã “é o campeão dos campeões”. O Cruzeiro não foi rebaixado, o Vasco empatou com o Flamengo e classificaram-se para a Copa Libertadores. Agora, os jogadores que fizeram a alegria e a tristeza de seus times vão para casa em busca da recuperação física e mental, enquanto os cartolas contabilizam ganhos e perdas. A torcida? Continuará a mesma e esquecida.
(*) preofessor
