ARTICULISTAS

Coisas pequenas e sem sentido

Às vezes, ouve-se pela metade um assunto

Gilberto Caixeta
gilcaixeta@terra.com.br
Publicado em 14/08/2012 às 19:48Atualizado em 19/12/2022 às 17:57
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Às vezes, ouve-se pela metade um assunto e, mesmo assim, passa-se à frente com versões diferentes. Assim, nascem as meias verdades, portanto, as mentiras. Existem também as frases folclóricas. Desconhecemos os seus autores, mas, conforme a formação cultural, usam-se mais ou menos, mas elas são sacadas com regularidade quando queremos expressar um pensamento cuja expressão ainda não está pronta. “Quem não tem cão caça com gato” é um exemplo. No entanto, elas são na maioria das vezes repetidas erroneamente, sem que percebamos que são expressões que não têm sentido real, como, por exempl “hoje é domingo pé de cachimbo”. Deixamos de fazer uma reflexão acerca delas e por isso repetimos sem saber que estamos falando bobagens. Tal acontece assim como as meias verdades ou as histórias surreais, embora impressionistas. As frases expressas erroneamente sem que haja percepção repetem o comportamento social quando se incorre no erro. Vivemos entre verdades e mentiras que se misturam entre fatos e as suas versões expressas em palavras ou gestos. As frases anteriormente citadas nesta crônica estão erradas em relação à sua gênese e não têm o menor significado real se forem analisadas sob a luz da razão, porém, são faladas como se expressassem verdades seculares. “Hoje é domingo, pede cachimbo”, como sendo um dia de descanso, poder fumar tranquilamente um cachimbo. Idêntico aos versos “batatinha quando nasce esparrama pelo chão”, ela não esparrama, e sim “esparrama a rama pelo chão”. No entanto, são frases sem sentido que se repetem sem notar que está se errando. “Corro de burro quando foge” e não “cor de burro fugido”. Ou, quando se quer dizer que o filho saiu que nem ao pai ou alguém da família, se diz: “ele saiu esculpido em carrara” (carrara é um tipo de mármore); esta que é a frase correta. E, por fim, “quem tem boca vaia Roma”, vaia do verbo vaiar, e não vai a Roma, como comumente se fala. Mas, de tanto falar errado, repetir erradamente, parece-me torná-las corretas, embora sem sentido algum quando botamos reparos nelas. Quem nunca ouviu alguém dizer, raríssimas vezes “quem não tem cão caça como gato”? Ou expressões como “a viúva do falecido”? A lista é longa com interpretações dúbias que passam despercebidas ao longo da leitura. Assim também é em relação aos alimentos que favorecem a saúde ou que causam problemas a ela. O café faz bem e faz mal; o iodo ajuda e prejudica; o cacau é ruim e ao mesmo tempo bom; o vinho favorece ou desfavorece. Tomate faz bem, suco de tomate, não. Evitar o ovo ou comer sempre? O certo talvez seja ser sempre moderado. Qualquer excesso danifica a máquina até com aquilo que é saudável, a exemplo da água. Então, o domingo que pedia cachimbo pede também relaxamento. Evite ficar o dia inteiro no boteco, tomando umas e outras, com a boca nervosa, ingerindo tira-gosto dos mais gordurosos, e busque algo mais próximo do descanso físico e mental. O dia a dia está ficando cada vez mais pesado.

(*) Professor

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