ALTERNATIVA

Aluno reclama de merenda e pede ajuda de vereadores

Lídia Prata
Lídia Prata
Publicado em 03/10/2023 às 22:10Atualizado em 05/10/2023 às 22:27
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Interina: Larissa Prata

Que tal?
Servidores municipais da Educação estão fazendo uma vaquinha para custear uma limpeza de climatizador na secretaria. O papel que circula entre os servidores mostra o valor da adesão, de R$ 10, e o total necessário para a concretização do serviço, que é R$ 300. Nesse calorão insuportável que tem feito em Uberaba, trabalhar sem ventilação… Mesmo que o gabinete do secretário não passe por problema semelhante, já que lá o ar condicionado funciona, Celso Neto garante ter arcado com os custos da manutenção do próprio bolso. “Tão logo soube dessa movimentação para uma possível vaquinha, eu mesmo arquei com o custo do climatizador. A Secretaria de Administração está licitando uma empresa para manutenção dos aparelhos de ar condicionado”, disse à Alternativa. “Deixo meu time fazer vaquinha para o bem-estar deles não”, acrescentou. 

Falando nisso…
Mas o ar fresquinho para os funcionários não é a única dor de cabeça para o secretário Celso Neto. Durante sessão legislativa nesta terça-feira, um aluno da escola municipal Frei Eugênio esteve em plenário e, convidado à fala, teceu diversas críticas à merenda escolar. O garoto, que tem 11 anos, revelou que a qualidade da alimentação servida aos alunos tem deixado muito a desejar e citou como exemplo o cardápio do dia: macarrão com feijão. “Passei mal depois de comer aquele almoço”, disse ele. Na sequência, o aluno fez cobranças por apoio dos vereadores para que fiscalizem a merenda escolar. “Isso é a saúde da criança e precisa ser vigiado”. O vídeo, claro, também tomou as redes sociais após a sessão.

Destempero
Há muito não se falava em problemas com merenda escolar em Uberaba, desde o arrepio deixado pela Nutriplus. Em resposta à fala do aluno, o vereador Ismar Marão revelou o recebimento outras denúncias com relação à prestação de serviço da atual empresa, a Soluções. Segundo essas informações obtidas, funcionários da prestadora de serviço estão sendo substituídos por antigos trabalhadores da Nutriplus. “Eu acredito que nós vereadores, o próprio Executivo e a população de Uberaba não gostamos nem de lembrar esse nome da Nutriplus, tamanho o transtorno que ela trouxe para os nossos alunos aqui em Uberaba”, disse o vereador. Diante das denúncias recebidas, Marão revelou ter acionado a empresa para averiguação e ouvido, como resposta, que na próxima semana o gestor estará em Uberaba com respostas sobre a merenda escolar.

A resposta
Muitos foram os vereadores que fizeram o uso da palavra após a intervenção do garoto. Mas o diretor da E.M. Frei Eugênio também esteve em plenário para defesa. Com a palavra concedida, ele lembrou que a refeição servida aos alunos passa pelo crivo nutricional, é balanceada e é a mesma oferecida a toda a rede municipal. “Mas há cardápios e cardápios. Tem dias que o cardápio é muito proveitoso para os meninos e a gente não consegue prover a quantidade de vezes que eles querem repetir”, comenta. A E.M. Frei Eugênio atende cerca de 1.500 alunos, segundo o diretor, e nunca faltou comida para nenhum deles sequer. “A gente sempre busca todos esses contextos de análise de aceitação das refeições lá e entender a necessidade nutricional das crianças. (...)  A gente precisa validar também quais os valores nutricionais que essa refeição possui. Infelizmente a gente não consegue agradar todo mundo, tem crianças que sentem mais satisfação comendo um arroz integral e tem criança que não gosta”, comenta ele. 

E agora, José?
Questionado pela coluna Alternativa, o secretário Celso Neto garante que é rotineira sua ida de surpresa às escolas municipais, onde sempre experimenta a merenda oferecida aos alunos. “Temos uma fiscalização muito atenta para evitar erros, são mais de 50 mil refeições servidas todos os dias. Entendo o posicionamento da criança em questão e respeito, mas ela se refere a um gosto particular dela. Se ela tem alguma seletividade alimentar, nosso time de nutrição irá analisar”, esclareceu. Especificamente sobre o sinal de alerta sobre o “desmonte” da Soluções, Celso lembra que se trata de empresa privada e, por isso, não cabe à administração apontar quem serão os trabalhadores. Mas reconhece que o importante é que a qualidade não caia, independentemente de quem mexa as panelas. Cabe a ele, como gestor, exigir a prestação de serviço de excelência. E é isso que todos nós esperamos que seja, de fato, feito. 

Ainda assim, acende-se uma luz amarela para um novo velho problema. Ao assumir a Educação, Celso Neto tinha como objetivo espantar alguns fantasmas que assombraram sua antecessora: uniformes, transporte e merenda. Do primeiro, se livrou com a prorrogação de contrato, o segundo anda periclitante em Uberaba e o terceiro parece que está colocando as mangas de fora… 

Mala pronta
Secretário Celso Neto estava voltando de Brasília quando conversou com a coluna Alternativa. Foi lá no FNDE “destravar pautas”. A primeira delas é o Cemei do Anatê, encravado com pendência documental para a liberação de recurso federal, problema que foi finalmente superado, após várias idas a Brasília. A expectativa do secretário é que o posicionamento venha ainda antes do Natal. Oremos! Outro Cemei carente de recursos federais é do Rio de Janeiro, cuja obra está de vento em popa, segundo o secretário, mas com repasses atrasados. 

Cívico-militar
Com o chapéu na mão, Celso Neto também cobrou no FNDE a manutenção de recursos para a escola-cívico militar em Uberaba, que será a Pacaembu. Recebeu de retorno que, apesar da descontinuidade do projeto pelo governo federal, os recursos federais estão garantidos para tirar do papel o projeto, que será feito em âmbito municipal.

Vruuummmm
Se a merenda ainda pode vir a ser um problema, o transporte escolar já é. Pipocam denúncias sobre atrasos nos recebimentos e a cereja do bolo tem sido a emissão de crachás, feita pela Secretaria de Defesa Social. Leitor do Jornal da Manhã que presta serviço de transporte de crianças na zona rural revelou ter buscado a SDS em busca da renovação de seu crachá. Lá, teria sido informado que o crachá não pode ser emitido já que não há contrato com a empresa prestadora de serviço. Preocupado com a instabilidade da situação diante de uma possível fiscalização, ele buscou a ajuda do JM. Já pensou se algum acidente acontece com uma van cheia de crianças? Não gosto nem de pensar nessa possibilidade…

E cadê?
O recadastramento do transporte escolar é semestral. Desde o início do segundo semestre, esses motoristas estariam prestando o serviço de forma irregular, diante dos problemas com a licitação do serviço. A denúncia foi recebida pelo JM no fim de setembro. Questionada, a Prefeitura se limitou a responder que: “A Secretaria de Educação (Semed) tomou conhecimento dessa situação e em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS), nesta manhã, solicitou a expedição dos crachás, que deverá ser regularizada já nos próximos dias. Por meio da Seção de Transporte Especializado da Superintendência de Transporte, a SDS informa que em momento algum negou a emissão de crachás e selos aos cooperados”. Alguns questionamentos, no entanto, ainda aguardam resposta há quase dez dias. São eles: se não foi negada a emissão de crachás, por que houve a necessidade de solicitar sua expedição? Se a situação não está irregular, como diz trecho da nota, o que vai ser regularizado nos próximos dias? Aliás, passados 10 dias, como ficou a situação? Segundo o reclamante, nada mudou na ponta…

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