(Foto/Reprodução/Instagram)
Um gênio! Talvez esta seja a melhor definição de Jorge Alberto. Na nossa convivência de décadas e décadas na Redação do Jornal da Manhã (e fora dela também), Jorge sempre foi um amigo genial, um líder, uma pessoa extremamente diferenciada. Por onde passava, fazia a diferença. No colunismo social, iniciado no jornal “Lavoura e Comércio” com o pseudônimo de Iago (um dos vilões mais sinistros de Shakespeare), ele logo se destacou pela forma inteligente e perspicaz de fazer a reportagem dos eventos e festas da agitada sociedade uberabense. Não tardou a ser convidado pelo Jornal da Manhã para assumir uma coluna com nome próprio. Os dois se completaram, Jorge e o JM, cada qual acendendo os holofotes para o outro brilhar. E assim foi até a chegada da pandemia, em 2020, quando o medo do desconhecido fez com que ele deixasse o colunismo social. Tentei dissuadi-lo, em vão. Mas Jorge sempre conseguiu se reinventar e logo assumiu a curadoria do Centro de Cultura Cecília Palmério, onde fez o que mais gostava: promover as artes, a cultura, sua grande paixão. Jorge “descobriu” e incentivou incontáveis artistas, valorizou escritores, mudou o cenário cultural de Uberaba. Lembro-me ainda que, bem antes, quando ele foi presidente da Fundação Cultural, trouxe a famosa bailarina húngara Márika Gidali para se apresentar no Ginásio do Jockey com seu Ballet Stagium. Nunca se tinha visto um espetáculo tão fabuloso por essas bandas... Devemos isso a ele, à sua inquietude e vontade de “abrir as cabeças” dos uberabenses para o novo, o belo, o inspirador. Aliás, Jorge assumiu o Museu de Arte Sacra quando muitos viam na Santa Rita apenas uma igrejinha bucólica. Ele agitou o espaço e montou um acervo inigualável. Depois, assumiu o Museu de Arte Decorativa, o MADA, num casarão perdido no meio do nada e transformado num ponto de convergência de artistas e intelectuais. Foi atuante na Academia de Letras do Triângulo Mineiro, tendo escrito vários livros, até mesmo sobre futebol. Quem diria!!! Futebol? Justo ele? Pois é. Mais tarde, presidiu o Arquivo Público de Uberaba, e em todos os lugares por onde passou Jorge Alberto deixou sua marca inconfundível do talento, da competência, da criatividade. Que falta o Jorge vai nos fazer, como amigo. Que vazio ele vai deixar na seara cultural da nossa cidade! Quando recebi a notícia da sua partida no final da tarde dessa quarta-feira, sinceramente demorei a acreditar que era verdade. O impacto da perda de uma pessoa tão querida traz à nossa memória os flashes dos momentos vividos, das risadas compartilhadas, do choro da primeira despedida durante a pandemia, e de tantas histórias que não foram (nem poderiam) ser contadas. Com Jorge convivi por muitos anos, dias felizes, dias de alegria incontida, dias de lágrimas também. Hoje tenho absoluta certeza que as nossas melhores histórias estarão para sempre guardadas no meu coração.
Vá em paz, Jorge Alberto. Missão cumprida. E muito bem cumprida! Você fez a diferença em nossas vidas e na nossa Uberaba.