Hospital da Criança, um patrimônio da saúde em crise. (Foto/Arquivo)
ENFIM, O RELATÓRIO DA CEI
Extenso relatório da Comissão Especial de Investigação da Câmara foi lido em plenário nesta quinta-feira, finalmente. A CEI foi instaurada há mais de seis meses e ouviu várias pessoas, entre médicos, servidores públicos, enfermeiros, além da secretária de Saúde, Valdilene Rocha, e do vereador Túlio Micheli. Redigido com evidente apoio técnico de advogado, o relatório conclui que “houve grave falha procedimental cometida pelo Hospital da Criança, inclusive quando da insistência em encaminhar o paciente em estado grave mediante transporte do SAMU, quando este paciente não se encontrava estabilizado e recebia atendimento dentro de uma unidade hospitalar, habilitada para prestar todo o atendimento devido, o que infelizmente não ocorreu”. Ao final, o relatório exclui a responsabilidade de servidores públicos, evidenciando que houve “indícios de grave falha no atendimento prestado pelo Hospital da Criança”.
ISOLAMENTO NEGLIGENCIADO
Chamando de “crime” o que houve no Hospital da Criança em relação à morte do garoto Marcelinho, o relatório da CEI ainda conclui que “pelos relatos colhidos, não houve a preservação do suposto local do crime com o seu isolamento, e acionamento da perícia legal, tampouco apreensão de equipamentos para aferição legal de (não) funcionamento. Verifica-se que resta prejudicada a narrativa de que equipamentos estavam em perfeito funcionamento, o que não justificaria a sua não utilização. Ou seja, quando enfermeiros colocaram aparelhos em funcionamento, após a ocorrência do evento lesivo, ignorando a necessidade de preservação dos vestígios, acabaram por contaminar a prova, tornando-a imprestável sob o ponto de vista legal”.
INFORMAÇÕES IMPRECISAS
No relatório, os vereadores admitem a impossibilidade de análise precisa sobre os procedimentos de intubação do garoto, porque as informações foram insuficientes e pouco confiáveis. Ou seja, deixam no ar a possibilidade de que tenha havido erro também nesse ponto do atendimento médico prestado à vítima. Aliás, os vereadores frisam, ainda, que os médicos que prestaram o atendimento não tinham especialização em pediatria, sendo dois deles residentes e um terceiro, plantonista, também sem habilitação específica para o procedimento a que se propôs. E mais: sugerem que a intubação pode ter sido determinante para o óbito do garoto, uma vez que "a perícia indicou que a utilização do Ambu (ventilação manual) era suficiente para estabilização/reversão do quadro clínico do paciente, ou seja, ainda que fosse recomendável a intubação, que não ocorreu de maneira eficiente, a perícia concluiu que a utilização do Ambu poderia reverter o quadro apresentado pelo paciente”.
SAMU INOCENTE
Por fim, o relatório da CEI salienta que “a perícia técnica constatou que a falta de transporte do paciente pelo SAMU para o Hospital de Clínicas não contribuiu para a morte do garoto, uma vez que o paciente já estava recebendo tratamento em ambiente hospitalar”. No entanto, os vereadores fazem uma série de recomendação ao SAMU, incluindo a definição de condições claras para remoção de pacientes e recapacitação da equipe do serviço para que se abstenha de indicar procedimentos "à distância", sobretudo invasivos, como intubação.
COMO ASSIM?
Aliás, a CEI faz recomendações também à Secretaria de Saúde, especialmente no que se refere às fiscalizações da Vigilância Sanitária aos hospitais conveniados. Entre outubro e novembro de 2021, teriam sido detectadas 409 inadequações no Hospital da Criança, com prazo para regularização, mas não há informações sobre o cumprimento dessas determinações...
VAI FUNDO!
O relatório da CEI ainda faz “recomendações” ao Ministério Público, no sentido de aprofundar as investigações sobre a morte de Marcelinho, e não se conformar com o relatório da investigação da Polícia Civil. Vale destacar que o inquérito policial concluiu que tudo não passou de uma fatalidade.
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
“Tive de ir para as redes sociais para defender um legado e resgatar o que fizemos por Uberaba”. Explicação foi dada pelo ex-prefeito Paulo Piau sobre sua presença mais frequente nas mídias digitais ultimamente, durante entrevista à Rádio JM, nesta quinta-feira. Segundo Piau, pesquisas qualitativas apontaram que a memória do eleitor uberabense não anda lá essas coisas para reconhecer o que os governos passados (incluído o dele) fizeram pela cidade. E citou uma série de conquistas de seu mandato, sobretudo nas áreas da saúde e educação. “Não dá para jogar tudo isso no lixo, nem deixar ninguém nos roubar o que foi feito” – desabafou.
CORREÇÃO
De acordo com o ex-prefeito Paulo Piau, o vereador Ismar Marão errou ao comparar os índices de rejeição dele e de Elisa, antes da disputa eleitoral para o segundo mandato. Segundo Piau, a rejeição atual da prefeita é o dobro da que as pesquisas indicavam para ele ao término de sua primeira gestão.
TINTIM POR TINTIM
Eloquente e articulado como poucos, o vice-governador Mateus Simões postou em suas redes um esclarecimento sobre esse imbróglio envolvendo o RRF em Minas. Segundo ele, “não há proposta apresentada pelo governo de Minas. Há uma ideia apresentada pelo Senador Rodrigo Pacheco, que nós vemos com bons olhos, e um pedido do ministro Haddad de pelo menos até março para que possa analisar a situação e nos apresentar proposta. Lembrando aqui que o Regime de Recuperação Fiscal é do governo federal e é ele quem estabelece as regras. Quem tem de apresentar proposta é o Governo Federal. O Estado não tem competência legislativa para propor absolutamente nada. Nós viemos aqui para saber quando o governo federal irá nos apresentar uma proposta e dizer que nós gostaríamos de ter essa conversa. Nesse meio tempo nós vamos ao Supremo Tribunal Federal para pedir prazo para o governo federal apresentar essa proposta."
CÁPSULA DO TEMPO
Penúltimo evento da programação comemorativa dos 100 anos da ACIU acontece nesta sexta-feira, às 18h, na Expocigra. Será o lançamento da cápsula do tempo, contendo fotos emblemáticas de Uberaba, uma carta do presidente Anderson Cadima, depoimento escrito da prefeita Elisa, além de um exemplar do Jornal da Manhã, contendo as informações do dia. Daqui a 10 anos a cápsula do tempo será aberta para confronto do presente com o futuro.
ACADEMIA FEMININA
A musicista e escritora Olga Frange assume a presidência da Academia de Letras do Triângulo Mineiro no dia 29, com solenidade de posse marcada para às 20h, no Centro de Cultura Cecília Palmério. Olga sucederá no cargo ao engenheiro João Eurípedes Sabino, que comandou a academia por três biênios, com muita garra e dinamismo. Sob a batuta de João Sabino, a Academia ganhou uma projeção enorme, além de conquistar uma belíssima sede no Palacete dos Azevedo, na rua Lauro Borges, em frente ao Hospital da Criança. Olga tem pela frente o desafio de dar sequência a esse trabalho de excelência realizado por João Sabino.
LIVROS, SIM!
No foco da nova diretoria da Academia de Letras do Triângulo Mineiro está o projeto de realização de feira literária em Uberaba – nos moldes da FliAraxá e da Plip, de Parati, ou da feira de Tiradentes, em parceria com a Fundação Cultural. Olga, aliás, já presidiu a Fundação e tem grande afinidade com o enfrentamento dos desafios do setor cultural. Ela ressalta que tanto Parati, quanto Tiradentes e Araxá, realizam feiras literárias há muitos anos, para atrair turistas. Uberaba poderá aproveitar a ideia, a partir da chancela da Unesco ao nosso geoparque Terra de Gigantes. Por que não? Vale lembrar que aqui já teve FLU – Feira Literária de Uberaba, mas não se manteve, infelizmente. Está na hora de ressuscitar esse projeto!
RECONHECIMENTO
A propósito, o jornalista e escritor Jorge Alberto Nabut está representando Uberaba na Flip, em Parati, com direito a sessão de autógrafos do seu livro de poemas “Advérbio de Lugar”, neste sábado, às 19h.