ALTERNATIVA

Definição da noite: dormimos em Uberaba, acordamos na Rocinha

Lídia Prata
Publicado em 07/11/2017 às 08:49Atualizado em 16/12/2022 às 09:15
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À mercê dos bandidos

“Dormimos em Uberaba e acordamos na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.” Foi a melhor definição que ouvi ontem para o tiroteio da madrugada, que culminou na explosão do prédio da Rodoban. Por mais de uma hora a cidade ficou sitiada e o 4º Batalhão da Polícia Militar cercado pelos bandidos. Cenas de horror circularam pelas redes sociais, mostrando o quanto nossa cidade está vulnerável à ação de criminosos. Estamos literalmente à mercê dos bandidos.

Culpa de quem?

Não se pode atribuir a culpa pelo ocorrido na madrugada dessa segunda-feira à falha no sistema de Inteligência da Polícia Militar, que não detectou a tempo a movimentação da quadrilha que explodiu a Rodoban. É bem verdade que os assaltantes tiveram tempo para planejar estrategicamente a ação, em detalhes, e as informações poderiam ter chegado ao ouvido da P2. Mas vale lembrar que o Estado desmontou a estrutura que a PM tinha em Uberaba, levando tudo para Uberlândia. Deu no que deu.

Falta tudo!

Pelas redes sociais, não faltaram críticas às polícias ontem, por não oferecer a necessária segurança à população, muito menos prender a quadrilha que assaltou a Rodoban. Mas não se pode culpar as polícias. A Civil não tem efetivo, e seus poucos detetives e delegados não conseguem sequer frequentar cursos de aperfeiçoamento técnico. Idem quanto à PM, que não tem homens suficientes para proteger uma cidade com 300 mil habitantes, e o seu efetivo conta mais com a coragem e a boa vontade do que com equipamentos. Como querer que um policial armado com revólver calibre 38 enfrente criminosos munidos de fuzil e metralhadora? Francamente. A desproporção de forças é gigantesca! Ao Estado cabe fornecer equipamentos pesados à PM, aumentar o efetivo da corporação e possibilitar a reciclagem de capacitação profissional da tropa, periodicamente. Do jeito que está, nossos policiais expõem suas vidas como verdadeiros heróis no combate ao crime. Se houvesse menos roubalheira do dinheiro público, certamente sobraria dinheiro para o governo equipar as polícias e proporcionar segurança de qualidade para a população.

Crime perfeito – “Não resta dúvida que foi uma ação altamente planejada, com efetividade impressionante. Ação de profissionais do crime” – analisou o prefeito Paulo Piau. Na manhã dessa segunda-feira, durante reunião no seu gabinete com lideranças do G9 e deputados, Piau pediu aos representantes de Uberaba em BH que agendem com urgência uma audiência com o governador para tratar da segurança pública aqui. O prefeito vai a Brasília, também, tentar com o ministro da Justiça um compromisso de melhor equipar as polícias federal e rodoviária federal.

Olho morto – Definitivamente o Olho Vivo precisa ser estendido aos bairros. Não dá para ficar tão restrito ao centrinho da cidade.

Bando de frouxos

No final da reunião dessa segunda-feira para tratar de gasoduto e fábrica de amônia, o presidente da CDL chamou os presentes à razão sobre a segurança pública. Fúlvio Ferreira pediu uma reação imediata à violência, com ações efetivas junto ao Estado e União, sob pena de todas as lideranças políticas e classistas de Uberaba entrarem para a história como “um bando de frouxos”. Foi um mexe-remexe nas cadeiras danado...

Novo capítulo

Deixando de lado o assalto à Rodoban, vamos à reunião do G9 e lideranças políticas para tratar de gasoduto e fábrica de amônia. Do encontro foi tirada a decisão de atuarem em várias frentes. Uma delas será hoje, em Brasília, mobilizando a bancada mineira na Câmara dos Deputados para criar um ambiente político de pressão à Petrobras para suspender o leilão dos equipamentos já marcado para o fim deste mês e, por outro lado, forçar a venda do projeto da planta de amônia por inteiro (em vez de fatiado).

Cartas na mesa

Outra ação tirada na reunião dessa segunda-feira envolve audiência na Petrobras, quarta-feira, às 11h. Prefeito Paulo Piau e líderes do G9 vão acompanhar o presidente da Codemig, Marco Antônio Castelo Branco, para tratar especificamente da fábrica de amônia. Segundo o prefeito, a Codemig vai levar um projeto efetivo de venda do projeto da fábrica de amônia e apresentar players internacionais interessados em bancar o negócio. Ideia é criar uma SPE (sociedade de propósito específico), com ou sem a participação da Petrobras, mas sob a liderança da Codemig. Na verdade, essa ação da Codemig está chegando muito tarde.

Sonho distante

Sem fábrica de amônia, esqueça a história do gasoduto. Você acha, de verdade, que o Estado vai investir num ramal de gás se não houver consumo? Além disso, o gás no Brasil é caríssimo e importar amônia custa mais barato para o governo do que produzi-la internamente.

Luta inglória

Na avaliação do presidente da CDL, “essa luta de Uberaba com Petrobras, Estado, Codemig é quase inglória e muito difícil”. Mas, segundo Fúlvio Ferreira, “temos de lutar até o fim, independentemente de termos um governador que não se alinha com o presidente da República, ou porque a Petrobras vive um novo momento. Não podemos entregar os pontos”.

Batalha difícil

Presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba também entende que essa batalha pela fábrica de amônia é dificílima. E pondera que com o gasoduto não será diferente: “O preço do gás fornecido pela Bolívia, em torno de US$14,80, inviabiliza qualquer investimento interno dessa magnitude” – avalia José Peixoto.

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