Leilão da concessão da gestão de resíduos sólidos pelos municípios que compõem o Convale - Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Grande - está previsto para esta quinta-feira santa, na Bolsa de Valores. O assunto ganhou ainda mais repercussão esta semana, com notícia até no jornal “Valor”, especializado em economia. Segundo o Valor, esse é um projeto pioneiro, que prevê investimentos de R$ 165 milhões em obras e equipamentos, além de despesas estimadas em R$ 944 milhões ao longo de 30 anos de concessão. Além da coleta e transporte do lixo, a concessão prevê o tratamento e a destinação final em aterro sanitário. No caso, esse aterro regional “pioneiro” também deverá ser em Uberaba…
NA DISPUTA
Dois grupos empresariais apresentaram propostas para esse leilão dos resíduos sólidos. Um deles é o consórcio Via Solo, joint venture da Solvi e Construtora Barbosa Mello). O outro é o Consórcio S, formado pela Seleta Ambiental e pela Soma Ambiental. O critério para vencer a disputa será o do maior desconto sobre a tarifa.
PORTAS ABERTAS
O jornal “Valor” chama a atenção também para os cochilos do edital: “Apesar das duas ofertas, a percepção do mercado é que o edital apresentou diversos problemas, que geraram insegurança aos investidores e reduziram o nível de concorrência. Ao longo do processo, houve quatro pedidos de impugnação do edital: da Orizon, da CS Brasil (grupo Simpar), da Terracom e da Recycle. As críticas foram variadas. Houve questionamento em relação às metas operacionais, consideradas agressivas e incompatíveis com o investimento previsto. Também foi apontada falta de segurança quanto às licenças ambientais do aterro existente, além de outros itens do edital. Porém, todos os argumentos foram rebatidos e os pedidos, negados. Essa é a segunda tentativa de licitar o projeto. O primeiro edital, lançado em 2020, foi cancelado devido a uma liminar judicial que questionava a realização em meio à pandemia. O edital foi relançado no início deste ano, com ajustes pontuais”.
MÃE DE TODOS
E, assim, vamos passar a receber o lixo da região… Algo realmente inédito e pioneiro no Brasil. Um consórcio de municípios para despejar a despachar sua sujeira para um deles apenas.
Em vez do lixo alheio, bem que poderíamos receber investimentos em indústria, ou a área da antiga fábrica de amônia, heliponto que está empacado no governo do Estado até hoje…
EM CHOQUE
Ex-vice presidente do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI), o engenheiro uberabense Maurício Cecílio assistiu com tristeza a audiência pública sobre o destino da área no DI III prevista para a instalação da fábrica de amônia. “Muito triste testemunhar a lenta morte desse projeto. Muito esforço e muitos recursos foram despendidos para a implantação de uma planta de amônia-ureia em Uberaba. No entanto, agora parece que tudo foi em vão…” - desabafou Maurício.
COMO ASSIM?
“Incrível um país que tem o agronegócio como uma das maiores forças de sua economia não ter a determinação de manter independência e autossuficiência nesse setor, preservando e ampliando essa forte presença e participação mundiais. Nossa agricultura de ponta depende do Exterior para sua sobrevivência. Incrível! Não produzimos as sementes para nossa agricultura e importamos insumos para a produção de fertilizantes... A planta de produção de amônia em Três Lagoas teve sua implantação interrompida! O projeto de Uberaba foi lançado oficialmente pela Presidente da República aqui com apoio integral do Governo do Estado, e está morrendo. Infelizmente os projetos estratégicos nacionais não são prioridade! É inacreditável, assim como são inacreditáveis algumas ações e omissões que assistimos no dia-a-dia do Brasil” - avaliou Maurício Cecílio.
VAMOS À LUTA
Com a autoridade de quem esteve à frente do maior órgão de fomento do desenvolvimento econômico no Estado, tempos atrás, Maurício Cecílio pondera que investimento da ordem de R$ 11 bilhões para viabilizar uma nova fábrica de amônia e uréia não impactariam os cofres federais tão assustadoramente como se pensa. Veja o raciocínio dele: “O Secretário de Desenvolvimento Econômico de Uberaba, Rui Ramos, aliás egresso do agronegócio e um executivo de grande sucesso, a quem cumprimento, informa que os recursos para a efetivação do gasoduto e da planta de amônia são da ordem de R$ 11 bilhões. O que são R$ 11 bilhões para um país que se pretende líder na produção mundial de alimentos? Não temos os recursos ou o “mercado” (Petrobrás) é que decide se o negócio de fabricar amônia é bom ou não? Cadê o Governo Federal? Se não existem os recursos (existir, existem, falta vontade e um projeto de Brasil) que sejam buscados fora! Se o Governo Federal não tem como procurar investidores, que seja dada a tarefa à Invest Minas (ex-INDI, do qual tive a honra de ser Diretor e Vice-Presidente). O pessoal é competente. Temos agora uma grande oportunidade, com a atuação de nosso uberabense Ministro Marcos Montes, conhecedor do setor, não só para Uberaba, mas para o Brasil, de concretização do gasoduto até o Distrito Industrial III e a consequente implantação da planta de amônia aqui. É preciso convencer a cúpula governamental do Brasil sobre a importância estratégica dessa produção aqui!
OUTRA AVALIAÇÃO
Por meio de nota, a prefeita Elisa manifestou-se a respeito da audiência pública sobre a planta de amônia: “O Distrito Industrial III, onde está a área da Planta de Amônia, é nosso cartão postal da indústria, pois é onde as maiores do setor de Uberaba estão localizadas. Além de desenvolver o DI-III, precisamos destravar de vez a Planta de Amônia, seja ela como termelétrica, planta de amônia e ureia ou para acolher qualquer outro investimento que seja, de fato, viável e que traga geração de emprego e renda e também desenvolvimento”.
TEMOS CHANCE
Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Rui Ramos, a situação da área da finada fábrica de amônia não está completamente perdida. O secretário esteve com a dupla do Estado antes e depois da audiência pública e conversou franca e demoradamente com eles. Está convencido de que o governo não vai levar o imóvel a leilão. “Eles foram muito pressionados durante a audiência pública e isso certamente vai chegar aos ouvidos do governador” - afirmou Rui Ramos. Além disso, ele está confiante que a equipe de desenvolvimento econômico de BH (incluindo o Invest Minas) vai ajudar a viabilizar investimento privado naquela área. Oremos!
LUTA SARADA
Vale lembrar que esse imóvel da finada fábrica de amônia já escapou de dois leilões, graças a ações da prefeita Elisa junto ao governador.