FIO DA MEADA
Desdobramentos das investigações sobre as fraudes envolvendo o consórcio Cisvalegran movimentou Uberaba nesta quarta-feira. Nove mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça pela foram cumpridos pela Polícia Civil em endereços diferentes de Uberaba, Delta, Ribeirão Preto e Guaíra. Nenhum dos suspeitos de envolvimento em esquema de desvio de milhões de reais dos cofres públicos foi preso nesta fase da operação. Apenas documentos, celulares e computadores foram apreendidos.
O ESQUEMA
Segundo informação da Polícia Civil, o esquema tinha uma operadora expert em licitações na área de saúde. Segundo consta, há seis anos ela mantinha estreita ligação com outros envolvidos no esquema. Depois de encontrar brechas e um caminho para fraudar os processos licitatórios, a operadora se aliou a clínicas médicas para participarem do certame. Entravam com preço alto, mas combinadas com outras licitantes de fachada, que apresentavam preços maiores apenas para “constar”. Depois de ganhar a concorrência, a clínica terceirizava o serviço para um hospital executar as ações também fraudulentas. Cobrava por serviços não executados, por exemplo, dentre outras maracutaias. O esquema desviou mais de R$ 6 milhões do SUS.
PONTO COMUM
Uma clínica de oftalmologia de Guaíra (SP), de propriedade de médicos de Ribeirão Preto, é citada pela Polícia Civil como sendo a ponte entre os envolvidos de Uberaba e os de Ribeirão.
QUANTA CORAGEM!
De acordo com informação do delegado chefe do 5º Departamento de Polícia Civil, Felipe Colombari, uma das envolvidas no esquema não se intimidou com a operação Cisvalegran. Embora as primeiras ações policiais tenham vindo à tona em maio, com o cumprimento de outros mandados de busca e apreensão, a tal operadora continuou praticando os mesmos atos. Mas com retaguarda em outro hospital. Isso porque na época em que os fatos foram levados à Polícia, a cidadã ocupava cargo estratégico no Mário Palmério Hospital Universitário, de onde foi demitida. Logo em seguida conseguiu emprego nesse outro hospital.
MAIS ENVOLVIDOS
O Delegado Felipe Colombari não descarta a possibilidade de haver mais envolvidos nesse esquema de fraudes, na medida em que as investigações avançarem. Por enquanto não há qualquer indício de envolvimento de prefeitos dos municípios consorciados ao Cisvalegran.
NEGLIGÊNCIA
Ainda de acordo com o delegado Felipe Colombari, os municípios destinam recursos para o Cisvalegran e não fiscalizam. Com isso, acabam dando carta branca para o consórcio. Essa prática precisa mudar, sob pena de continuar ensejando fraudes, como essa envolvendo a contratação de clínicas médicas. Que a operação policial sirva para a mudança de paradigmas no Cisvalegran.
COMO DORMEM?
Mais grave do que o desvio dos recursos, é saber que esse esquema deixou muitos pacientes pobres à espera de consultas, procedimentos e cirurgias bancadas pelo SUS. Crueldade extrema com quem não tem a quem recorrer, nem como bancar uma cirurgia particular, e depende exclusivamente do serviço público de saúde.
Como essas pessoas conseguem dormir à noite?
Aliás, faço minhas as palavras do delegado Felipe Colombari: “causa nojo ver esses desvios na saúde pública”.
VOLTA OU NÃO?
Entrevistado pela Rádio JM nesta quarta-feira, o vice-prefeito licenciado Moacyr Lopes garantiu estar disposto a reassumir o cargo e reatar as relações com a prefeita Elisa, desde que ela cumpra o compromisso feito com ele durante a campanha. "Não vou receber salário sem trabalhar", frisou Moacyr. Ele contou, também, que foi procurado pelo atual secretário municipal de Educação, Celso Neto, com pedido de ajuda. "Vou ajudar. Almoçamos juntos na semana passada e tenho certeza que ele terá 100% de sucesso, se tiver a carta branca que lhe prometeram".
TÔ FORA
Moacyr ainda garantiu que não será candidato nas eleições de 2024. Essa está sendo uma experiência única.
BOA INTENÇÃO
Ressaltando que a prefeita Elisa é uma pessoa bem intencionada, Moacyr Lopes disse que o maior erro dela é querer agradar a todos. "Em política, muitas vezes é preciso dizer não" - destacou. Deu como exemplo o projeto de lei do recape, que seria votado na segunda-feira e foi retirado de pauta porque os vereadores quiseram interferir politicamente na definição das ruas a serem recapeadas. Como os recursos serão suficientes para o serviço em 300 km de ruas, o critério técnico tende a ceder lugar aos pedidos dos vereadores, deixando de atender muitas ruas e avenidas onde o recape é realmente necessário.
BAIXA NO TIME
Mais uma baixa no staff da Secretaria Municipal de Saúde. Desta vez atingiu Ana Maria de Oliveira Bernardes, que vinha ocupando o cargo de Diretora de Regulação e Auditoria. Ana Maria foi “importada” de Frutal pela prefeita Elisa e ficou quase dois anos no time de frente da Secretaria de Saúde. Agora será substituída por Ana Carolina Cury Abbade Mendes Silveira.
BYE BYE
Paquerada por Uberaba na gestão Paulo Piau, a Ball Embalagens para Bebidas América do Sul encerrou suas atividades em Frutal, neste 7 de dezembro. Concorrente direta da Crown, fábrica de latinhas, a Ball foi a primeira opção tentada na época em que a Cervejaria Petrópolis confirmou sua instalação em Uberaba. Mas não deu certo, porque naquela época estava adiantada a negociação com o município vizinho. “Nós não queríamos tirar o investimento de Frutal. Queríamos uma fábrica em Uberaba também” - conta José Renato, que estava incrédulo diante da notícia de encerramento das atividades da Ball.
Os reais motivos da decisão tomada pela multinacional não estão claros. Alguns atribuem o fato à insegurança jurídica diante da mudança de governo, outros argumentam que o mercado não estava favorável à Ball, face às dificuldades que vem enfrentando a cervejaria instalada na cidade vizinha.