PALAVRA DE ORDEM
“Uberaba é uma cidade privilegiada pela estrutura de saúde que tem. Mas sinto que falta diálogo”.Análise é da ex-secretária de Saúde do governo Anderson Adauto, Maria Teresa Abate Rodrigues da Cunha. Em entrevista ao Pingo do Jota deste sábado, ela destacou que “não existe projeto de saúde que dê certo sem ouvir a sociedade”. Para Tetê, está faltando uma condução mais “conversada” de saúde no enfrentamento à pandemia.
TRIPÉ EFICIENTE
Mesmo defendendo medidas mais rigorosas, como lockdown, Tetê Rodrigues da Cunha avalia que o enfrentamento à pandemia precisa de ação multifacetada e coordenada. Só lockdown seria temerário. Ela cita o exemplo do Reino Unido, onde o trabalho atuou em três frentes: o isolamento social rigoroso por três meses seguidos, a vacinação em massa e a testagem da população. Além disso, todo o trabalho teve planejamento e coordenação falando a mesma língua, algo bem diferente do que se vê no Brasil. “Se não isolar as pessoas, não vamos conseguir desafogar o sistema de saúde. E só testar as pessoas não adianta. É preciso atuar nas três frentes” - aconselhou.
EMPATIA JÁ
Quando indagada sobre o que fazer para combater o vírus em Uberaba, neste momento, a ex-secretária de Saúde sugeriu um conjunto de ações, mas frisou que o governo municipal precisa trazer a população para o seu lado. “A adesão das pessoas e a motivação delas precisam ser permanentes. A população precisa compreender a importância do uso de máscara, assim como os perigos que as aglomerações representam etc. As pessoas precisam acreditar que vai valer a pena seguir as regras” - destacou. Rebeldia, claro, sempre existirá. Mas pode ser limitada.
PUXÃO DE ORELHAS
Com seu jeito suave de dizer o que pensa, a ex-secretária Tetê Rodrigues da Cunha deixou claro que Uberaba precisa ter um Comitê de Enfrentamento mais atuante, e o governo municipal precisa buscar o apoio da Câmara, porque os vereadores são mobilizadores da população.
O problema é que as relações entre Executivo e Legislativo não andam nada amistosas e podem até piorar com os posts nas redes sociais feitos por apoiadores da prefeita. É o tal negóci muito ajuda quem não atrapalha…
RESTRIÇÕES SIM
Ampliar as restrições e aumentar a fiscalização, para achatar a curva, são medidas de contingenciamento fundamentais, para não colapsar a rede hospitalar - aconselhou a ex-secretária, admitindo que tudo isso é muito difícil, porém é mais difícil perder um ente querido.
CONTROLE PLENO
Também ouvido no programa O Pingo do Jota, o ex-secretário de Saúde Iraci Neto considera que as taxas atuais de Uberaba estão muito altas, o que é preocupante. De acordo com o boletim epidemiológico deste sábado, por exemplo, Uberaba tem 3.119 casos ativos, taxa de transmissão de 1,05, e a confirmação de 153 casos positivos em 157 pacientes testados em 24 horas. Por isso, não dá para ignorar que o quadro da Covid em Uberaba é, no mínimo, assustador.
Com a experiência de quem enfrentou os primeiros 10 meses da pandemia, Iraci contou que sempre teve controle pleno dos números, o que lhe dava condições de adotar as medidas de enfrentamento com segurança. Além de contar com um comitê técnico muito atuante, eram analisados cerca de 15 indicadores, como taxas de casos positivos, casos ativos, ocupação de leitos hospitalares, transmissibilidade, letalidade, índice de isolamento e até estoques de suprimento. Era um verdadeiro raio-x diário do que estava acontecendo na saúde.
SINAL DE ALERTA
Iraci Neto alertou ainda que Uberaba precisa se preparar desde já e antecipar medidas que impeçam a disseminação da nova cepa que já está presente em Minas Gerais. Não se pode esperar que ela chegue aqui para tomar medidas de combate.
Ele sugere, por exemplo, o monitoramento efetivo do transporte coletivo, assim como a adoção de medidas que reduzam a circulação de pessoas em pontos de grande aglomeração, como o centro da cidade. Talvez a segmentação de horários de funcionamento das atividades econômicas possa ser pensada, de modo eficaz. E implantar um esquema de fiscalização rigoroso, medida que ele considera importantíssima. Porém, o fundamental, na avaliação de Iraci, é ter pulso firme para aguentar todo tipo de pressão da sociedade como um todo.
QUEM MANDA?
“Quem regula é quem contrata” - frisou Iraci, destacando a importância da regulação de leitos estar sob o controle pleno do município para não haver retrocesso. Ele lembrou que na época em que a regulação era feita pelo Estado, os casos de mortes nas UPAs eram constantes. O Susfácil tinha problemas pontuais em Minas Gerais. A partir do momento em que o município assumiu a gestão da regulação, isso acabou. Mas o ex-secretário de Saúde sugere que a regulação seja firme, para evitar que os pacientes estejam regulados, mas não sejam transferidos de imediato para os hospitais.
Veja o Pingo do J deste sábado na íntegra:
BAFAFÁ
Câmara está fazendo uma enquete para saber a aprovação popular a medidas mais restritivas e isso tem causado um bafafá danado entre empresários dos mais diversos segmentos produtivos. “Na sua opinião, são necessárias mais restritivas, como suspensão das aulas presenciais, toque de recolher, lei seca, fechamento do comércio e limite de pessoas nos ônibus do transporte público?”. Até onde vi, o “sim” estava batendo a marca de 57% contra 42% “não”. Entidades de classe estão se mobilizando para votação em massa no “Não”...
VIROU MODA?
Porta Voz de sexta-feira publicou edital para manifestação pública sobre pedidos de implantação de parklets pelos bares Vermelhinho e Gennari, e a Frozen Fruits, todos eles localizados no bairro Estados Unidos. Esses parklets permitem o uso da calçada como extensão dos estabelecimentos comerciais, impedindo o trânsito normal de pedestres. Sou totalmente contra esse mecanismo de ampliação do estabelecimento particular, que fere o direito da comunidade de usar um bem público, que é a calçada. Se o bar quer mais espaço para receber sua clientela, que se mude para um imóvel maior. O que não pode é usurpar área pública como se fosse privada.
PERDA
Vigia da Unidade de Saúde da Família Edson Reis Lopes foi mais uma vítima da Covid-19. Gláucio Donizete Silveira da Silva é lamentavelmente mais um nome na lista dos quase mil uberabenses que perderam a vida durante a pandemia…
