Por Gê Alves
gealves13@gmail.com Os jornalistas, sem exceção, só comentavam ontem sobre o fim do diploma decretado pelo STF, após 40 anos de validação. Decidiu contra a sociedade. Sim, nós jornalistas não defendemos a causa somente em nosso favor, mas em favor do coletivo. A população brasileira entende o papel da imprensa, sabe separar liberdade de expressão e exercício legal do Jornalismo com competência técnica, ética e cultural. Pesquisas nacionais apontam para isto. Enquete de ontem do JM Online também. A maioria absoluta dos leitores que votaram ontem foi contra a decisão. Infelizmente, o Supremo não. Também, pudera, quem foi o relator? Gilmar Mendes. Lembram-se dele? Expressão. Gilmar Mendes foi nomeado para o STF pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, o professor de Direito da USP, Dalmo de Abreu Dallari, catedrático da Unesco declarou à época: “Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. O nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país”. Gilmar Mendes tentou processar o jurista, mas a Justiça recusou a instauração da ação penal. "A crítica, como expressão de opinião, é a servidão que há de suportar quem se encontrar catalogado no rol das figuras importantes", escreveu o juiz do caso, Silvio Rocha. Currículo. Na véspera da posse como presidente do STF, Mendes arquivou duas ações de improbidade administrativa contra dois dos ex-ministros de FHC. E o Caso Daniel Dantas-Opportunity? Ano passado, Gilmar Mendes foi violentamente criticado, acusado de ter “rasgado a jurisprudência do STF” e “extrapolado suas funções", atuando com abuso de direito. Procuradores da República divulgaram carta aberta à sociedade lamentando sua decisão no habeas corpus que libertou o banqueiro Daniel Dantas da prisão (duas vezes em 48 horas). Na mesma época, se manifestaram centenas juízes federais em carta pública de indignação, assim como as Associações de Delegados da Polícia Federal e dos Magistrados Brasileiros. Relação com a mídia. E a ridícula varrição eletrônica no gabinete dele para detectar equipamentos de escuta? Lembrem-se também que Gilmar Mendes concedeu habeas corpus liminar a todos os suspeitos de milhares habilitações falsas no interior de São Paulo. Agora em abril, Mendes foi acusado pelo ministro Joaquim Barbosa de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira" e desafiou-o a sair à rua. Barbosa afirmou: "Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro". Fala séri era possível esperar que este homem tivesse compromisso com a informação de qualidade? É agora. Algumas pessoas, sobretudo colegas, me ligaram questionando por que não tratei do assunto, ontem, já que tenho tido o orgulho de representar nossa região e Minas Gerais como delegada nos Congressos Nacionais, inclusive o que promoveu a primeira reformulação do Código de Ética, ano passado. Explic estava muito envolvida emocionalmente com a questão e achei que não devia falar nada tomada pelo sentimento no qual estava mergulhada. No entanto, a categoria está se mobilizando em todo o Brasil. A sociedade pode e deve se inserir nesta causa; os colegas profissionais, mesmo quem não estava mobilizado, agora devem se engajar porque o teto caiu para todos nós, cidadãos brasileiros. Não é hora de brincadeirinhas, de reclamar pelos cantos, nem de desilusões. É hora, mais que nunca, de arregaçar as mangas, de união e de luta! Derrota. Julgado ontem pelo Tribunal de Justiça o mérito no agravo proposto à decisão da juíza em Uberaba Régia Ferreira Lima em episódio envolvendo apostilados da Prefeitura. A sentença da magistrada foi mantida. Resta aos arrolados aguardar o julgamento do processo, o que, inevitavelmente, demanda tempo longo. Virou festa. Alô, superintendente de Ensino, Vânia Célia. Mais uma vez, ontem, escolas estaduais liberaram mais cedo seus alunos, no segundo horário do turno matutino, em decorrência do jogo do Brasil. Pais cobram explicações. Já pais de alunos da rede municipal cobram as provas do Saem (Sistema de Avaliação do Ensino Municipal), que, segundo eles, já deveria ter acontecido. Tudo igual. Nenhum aumento foi concedido pela Prefeitura aos seus trabalhadores, apenas reposições de perdas. Ou seja, só receberão o que já vinham pagando antecipadamente com reais a menos em seus vencimentos. Preocupação também com a possibilidade de fim da venda das férias-prêmio. Pelas fotos que vi, a maior parte dos representantes da categoria estava satisfeita. Só sorrisos. Não é este o sentimento da categoria. Apesar de inegável, a crise econômica brasileira existe para todos e não apenas para as máquinas públicas.