ALTERNATIVA

Moacyr deixa o cargo de vice e se diz aliviado

Lídia Prata
Lídia Prata
Publicado em 23/02/2023 às 19:55Atualizado em 24/02/2023 às 20:32
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“Nunca tive fama de incompetente. Não vai ser agora. E não adianta salgar carne podre”. Foi assim que o Professor Moacyr Lopes explicou sua decisão de renunciar ao cargo de vice-prefeito de Uberaba, formalizada nesta quinta-feira.  “Eu queria ter feito aquilo que combinamos na época da campanha. Mas tudo o que eu gostaria de fazer, não pude fazer. A caneta é da prefeita. Então que ela faça tudo sozinha, como bem entender” - desabafou Moacyr. 

NOTA DURA
Em nota distribuída à comunidade, Moacyr Lopes faz sérias acusações. Começa dizendo ter acreditado “que seria possível realizar uma gestão digna, eficiente e que valorizasse a prata da casa. Porém, desde os primeiros dias de governo fui sendo deixado de lado, seja na realização de atos e ações, ou somente para opinar e trazer ideias e soluções”. 

SENTIMENTO DE ALÍVIO
Mais no fim da tarde, depois de passado o burburinho do anúncio da renúncia, falei novamente com Moacyr. Ele estava sereno e seguro da decisão tomada. De certa forma, até aliviado, já que desde o início do mandato a relação com a prefeita Elisa foi marcada por incontáveis atritos, que culminaram em rompimento político.

ALTOS E BAIXOS
Logo no começo da gestão, Elisa e Moacyr divergiram seriamente sobre a conduta do governo nas medidas de enfrentamento à Covid. Prevaleceu a decisão da prefeita, que tinha a caneta na mão, mas as rusgas não foram superadas pelas partes. 

“Em dois anos foram 4 mortes por Covid na minha família. Isso deve ser um sinal” - ressaltou Moacyr, depois de lembrar do embate que teve com a prefeita no auge da pandemia. “Sinto-me derrotado pelo fato de o poder econômico ter prevalecido nessa questão. (...)” - destaca Moacyr, na nota à comunidade.

FIM DA LINHA
Em setembro do ano passado, Moacyr pediu afastamento do cargo por 3 meses, sem vencimentos, para refletir sobre a renúncia. Reconsiderou e retomou suas atividades em janeiro. Logo de cara foi barrado no acesso ao estacionamento interno no Centro Administrativo, gerando um enorme desconforto. Aos trancos e barrancos, Moacyr vinha colaborando com a Educação, acolhido pelo secretário Celso Neto. 

No paralelo, Moacyr certamente se sentiu desprestigiado porque seus ofícios nem sempre eram respondidos ou as sugestões acatadas. Sem voz ativa, sem função específica e sem direito a compartilhar as decisões de governo, Moacyr achou que era hora de “pular do barco”. E pulou!

RASGANDO O VERBO
O temperamento por vezes impulsivo do vice-prefeito sempre foi apontado pelos assessores da prefeita Elisa como um dos principais problemas no relacionamento político entre eles. Moacyr nunca foi político, sempre fez questão de garantir não ter pretensões de fazer carreira na política. Por isso, ele se sentia à vontade para externar suas opiniões, o que nem sempre agradava seus interlocutores, em especial no time do governo municipal. E assim foi até o final. Na nota à comunidade, ele alfineta a prefeita, ao criticar o uso frequente das redes sociais por ela: “quem quer se dedicar ao serviço público não precisa ficar se vangloriando nas redes.”

É uma pena que Moacyr tenha optado pela renúncia, pois poderia contribuir muito com o desenvolvimento de Uberaba. Tem grande experiência como engenheiro, professor e empresário. 

Prefeita Elisa Araújo (Foto/Redes Sociais)

ROTINA NORMAL
Prefeita Elisa limitou-se a emitir uma nota curtinha sobre a renúncia do vice-prefeito e seguiu sua agenda, na tarde desta quinta-feira. Na assinatura da ordem de serviço para a construção do CEMEI no Residencial Rio de Janeiro, ela apareceu com camiseta onde se lia: “Trabalho, equipe, planejamento, resultado” (foto acima). Elisa esteve o tempo todo ao lado de sua mãe, dona Dalva, e do seu líder na Câmara, vereador Almir Silva. 

E ESSE QUARTETO?
Ainda na cerimônia da assinatura da OS do CEMEI Rio de Janeiro, chamava a atenção a presença dos vereadores Túlio Micheli e Marcos Jammal, em companhia do ex-deputado Franco Cartafina e do ex-vereador Thiago Mariscal. Confira a foto abaixo, onde os quatro fazem pose, e me diga: o que será que esse quarteto conversou depois da foto, bem baixinho, quase sussurrando????

Mariscal, Franco, Jammal e Túlio (Foto/Redes Sociais)

ATÉ QUANDO?
Por falar no vereador Túlio Micheli, desde o dia 2 ele  aguarda respostas ao ofício enviado à Secretaria municipal de Saúde, indagando quantas viaturas o SAMU tem atualmente para o atendimento de urgência à população, e suas respectivas especificações (USB, USA, ambulância e motolância). O vereador questiona, também, o número de viaturas do SAMU baixadas nos últimos 12 meses e se todas as viaturas do Suporte Avançado são enviadas com equipes completas para o atendimento de urgência, quando acionadas. 

SURPRESA!!!
Em que pese Moacyr Lopes estar falando em renúncia há pelo menos seis meses, não se acreditava que ele chegaria a esse extremo. É o que se conclui da surpresa que o comunicado da renúncia causou no presidente da Câmara, Fernando Mendes, e em sua assessoria. Não se sabia, por exemplo, se a carta de renúncia teria de ser lida em plenário, votada, enfim, o que fazer nesse caso. A Lei Orgânica do Município, aliás, é omissa. E o fato da renúncia do vice-prefeito, no meio do mandato, é algo inédito. Mas o presidente Fernando Mendes agiu rápido, e logo confirmou que a carta será lida na sessão de segunda-feira, mas não haverá necessidade de votação para aprovar a decisão do vice. 

NA MARRA
Quem diria? Ontem o presidente Fernando Mendes disse que não será candidato a vice, nem tem perfil para ocupar esse cargo, mas agora, com a renúncia de Moacyr Lopes, vai virar vice “na marra”. E talvez até experimentar o gosto de se sentar na cadeira do Executivo, em eventual afastamento de Elisa. Pois é…

ATÉ QUANDO?
Prefeitura vai notificar, mais uma vez, a Elis Construções, pela morosidade na obra de reforma do Mercado Municipal. Em dezembro a empreiteira sumiu por cerca de 30 dias, foi notificada, e se comprometeu a retomar o serviço. Retomou, mas do jeito que bem entendeu. Os dois ou três operários que colocou na obra trabalham quando bem entendem também. E, sem qualquer planejamento, pelo visto, pois estão trocando o telhado em plena época de chuvas,. Resultado: prejuízo para os permissionários, que andam perdendo mercadorias com frequência. Nesta quinta-feira, o secretário de Obras e Serviços Urbanos, Anderson Passos garantiu que não vai se limitar a notificar a empreiteira goiana. Já pediu parecer jurídico para fundamentar aplicação de multa, que, no caso, poderá variar de 1% a 10% do valor do contrato. Que assim seja! Só notificação não tem mesmo resolvido… 

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